Título
"Eu já venho": a expatriação organizacional como experiência de recomposição identitária
Autor
Coelho, João Vasco Pereira
Resumo
pt
A presente pesquisa considera as práticas de prestação de trabalho global dotadas de inscrição organizacional, como campo de observação relevante para o desenvolvimento de uma análise de natureza sociológica. Uma destas práticas é adotada como objeto de referência empírica: a expatriação organizacional. Considera-se que esta prática define, em simultâneo, num quadro organizacional, um regime particular de prestação de trabalho, e um tipo particular de experiência, de um ponto de vista individual. São consideradas, em termos analíticos, as práticas de gestão e as experiências individuais de expatriação observáveis em cinco empresas ou grupos empresariais, com génese ou presença nacional, e operação internacional
significativa. Foram realizadas 37 entrevistas individuais, em regime presencial ou remoto, a gestores e diretores de empresa, e a trabalhadores cuja trajetória pessoal, profissional e familiar foi pontuada, em maior ou menor grau, pela prestação de trabalho num regime formal de expatriação organizacional. Um dado empírico condensa a especificidade de um enquadramento situacional: a menção persistente à existência de uma experiência pessoal, distante do comum. Sugere-se, neste sentido, que um quadro de expatriação organizacional pode fomentar, pelos seus atributos específicos, a diferenciação de experiências e de lógicas de ação individual. Três agrupamentos são distinguidos, a este respeito: os indivíduos-conforme,
os indivíduo-trajetória, os indivíduos-em suspensão. Em contextos empresariais específicos, a produção de diferença pode constituir uma dificuldade, uma circunstância que aparenta ser refratária a intuitos de controlo e encapsulamento de natureza gestionária.
en
This study presents a global work practice - organizational expatriation - as na relevant field for sociological research. In analytical terms, organizational expatriation is conceived in a dual perspective: the organizational and the individual perspective. Existing global work practices and co-existing individual experiences of expatriation in five diferente business contexts - four portuguese national firms with significant internationalization trajectories and one multinational firm with a local presence in Portugal - were studied. In these contexts, a total of 37 individual interviews were made, presentially or in a remote setting,
including business internationalization managers, HR managers or directors, and individuals who were performing or had performed global work in a formal expatriation condition. It is suggested that performing work in an organizational expatriation context may foster individual and social differentiation. Three types of individual action are distinguished and described in detail. It is suggested that this differentiation may pressure organizational capabilities and existing formal global work and international mobility management policies, whose focus tend to favor centripetal practices and a sense of organizational and behavioral homogeneity and
integration.