Título
Arte urbana - Cidade. Bairro. Obra.
Autor
Papa, Maria Olguta
Resumo
pt
Desde a infância que trazemos connosco um impulso de experimentar, por curiosidade, de riscar e marcar
os lugares. Um ato ancestral, primordial, de marcar o lugar habitado, de associar imagens a realidades vivida
e, mais recentemente, como manifestação politicas ou de comunicações de desejos individuais e sociais. Este
impulso de humanização do território mantém-se presente nas cidades, que se encontram cheias de imagens,
de registos, com significados mais ou menos decifráveis.
No Ocidente, a partir dos anos 1970, desenvolveu-se um género urbano de intervenção direta no espaço público: a cultura do "Graffiti". Inicialmente de carácter ilegal, executado de surpresa, com um carácter público
sobre suportes privados, confrontava, de modo inesperado e por vezes violento, o cidadão comum. Intrometendo-se no espaço público impunha um discurso que nem todos compreendiam e, independentemente da qualidade da obra, o realizador procurava e ainda procura uma exposição surpreendente e provocadora.
A disseminação do "Graffiti" abriu o caminho para ampliação do conceito de Arte Urbana. Atualmente a
coroa urbana de Lisboa agrega inúmeras obras em inúmeros locais, contando inclusivamente com mais de
100 obras legais, isto é, encomendadas institucionalmente. Esta institucionalização reflete um reconhecimento de valor pela sociedade. Valor que conduziu a programação de intervenções em territórios urbanos deprimidos: locais desarticulados, marginalizados, sem espaço público estruturado, com uma população carente, onde o "graffiti", entendido como Arte Urbana, torna-se uma ferramenta de integração urbana e de inversão de estigmas existentes.
Tomando como caso de estudo a Quinta do Mocho, este trabalho tenta compreender este fenómeno de
transformação do "Graffiti" em instrumento de reabilitação urbana, onde um bairro social marginalizado
passa a ser reconhecido como uma grande Galeria de Arte e a integrar um Festival de Arte Urbana.
en
Childhood is a period where an impulse of trying, touching and trace places exists. An ancestral; primordial
act to mark the inhabited place, associating images to realities that once were lived and in a recently period,
these images are now related to a political manifestation, communications of individual and social desires.
This impulse to humanize the territory remains present in cities, which are full of images and records with
decidable meanings.
During the 70s, an urban genre, of direct intervention in the public space, was developed in the West with
the name of Graffiti culture. This culture was initial label as an illegal activity, by focusing on public space,
imposing a discourse that not everyone could understand and, regardless of the quality of the work, the
performer sought and still seeks a surprising and provocative exposition.
The dissemination of Graffiti paved the way for the expansion of the concept of Urban Art. Nowadays
the urban crown of Lisbon city adds numerous works in numerous places, counting also with more than
one hundred legal works, that are, ordered institutionally. This institutionalization reflects a recognition of
value by society. This value by society led to the existence of interventions in these depressed urban areas:
dislocated, marginalized, without a valid public space and with poor population. The graffiti, as Urban Art,
becomes a tool for urban integration and reversal of existing stigmas.
Taking Quinta do Mocho as a research project, it tries to understand this phenomenon of transformation
using Graffiti as an instrument of urban rehabilitation, where a marginalized social district is now recognized as a great Art Gallery and be integrated in an Urban Art Festival.