Título
O colapso do Grupo Banco Espírito Santo: Análise dos relatórios e contas e identificação de "Bandeiras Vermelhas"
Autor
Garcia, Inês Gorjão
Resumo
pt
O Grupo Banco Espírito Santo (GBES), com uma presença significativa no setor
bancário português, colapsou no ano de 2014. O colapso teve o seu ápice na fraude das
demonstrações financeiras que, quando descoberta, já existiam perdas no valor de 2.750
milhões de euros nas contas do GBES.
O objetivo deste estudo é compreender se nos anos anteriores à queda do GBES já havia
indícios de fraude que pudessem ter permitido a sua predição para os utilizadores das
demonstrações financeiras. De um modo mais específico, analisaram-se os Relatórios e Contas
entre 2009 e 2013 com base num conjunto de bandeiras vermelhas que já tinham sido
identificadas noutros estudos, de forma a perceber-se se havia indícios que
permitissem aos auditores e aos investidores incorporar esta informação nas suas decisões de
investimento.
Das 17 bandeiras vermelhas analisadas, 6 apresentam indícios de fraude e todas estão
relacionadas com a estrutura e gestão do GBES, como a complexidade do Grupo, a remuneração
dos executivos ter uma parcela variável que depende dos lucros do Grupo, todo o Grupo ser
altamente dependente de uma única entidade que como referido ao longo do estudo de caso, o
BES era o "coração" de todo o Grupo e a necessidade de captar recursos com os aumentos de
capitais efetuadas em 2011 e 2013.
O processo de dissolução do GBES ainda não está concluído, muita da informação ainda
é confidencial e limitou a investigação. De realçar que o problema "fraude" ainda não é muito
estudado em Portugal.
en
Banco Espírito Santo Group, with a significant position in the banking sector, collapsed
in 2014. The collapse had its apex in the fraud of the financial statements. When unveiled, the
accumulated losses amounted to 2,750 million euros in the accounts of BES Group (CPI, 2015)
already.
The purpose of this study is to understand if there were fraud red flags in financial
statements before the bank's collapse that could have allowed well informed investors'
decisions. The financial reporting for the period between 2009 and 2013 were analyzed on the
basis of a set of red flags as identified in previous studies, in order to understand
if there were sufficient indicators that would have allowed both auditors and investors to
incorporate the information in their analysis.
Out of a total of 17 red flags analysed, 6 indicate possible fraud and all of them are
related to the structure and management of the Banco Espírito Santo Group, such as:
complexity of the Group, variable portion of executives' remuneration dependent on the
Group's profits, dependency on BES - the "heart" of the entire group- to raising funds to
complete the capital increases made in both 2011 and 2013.
GBES's winding-up process is not yet complete, much information is still confidential
and this limited this research. It should be noted that the "fraud" phenomenon is not sufficiently
studied in Portugal.