Título
As doenças profissionais: entre a efetividade e a invisibilidade das respostas institucionais
Autor
Querido, Lara Costa da Silva
Resumo
pt
Abordar o domínio do trabalho implica o seu reconhecimento enquanto elemento central na
vida dos indivíduos, cujas transformações se repercutem não só no plano individual, mas também
coletivo, ao modificar o modo como o indivíduo se relaciona consigo e com o plano social. Por isso,
as doenças e incapacidades geradas no e pelo trabalho afetam o indivíduo nos mais variados planos da
vida quotidiana. Sendo a doença profissional entendida como o resultado direto e exclusivo do
exercício da atividade laboral torna-se pertinente o equacionamento da adequabilidade das práticas
institucionais, essencialmente ao nível da resposta concedida a estes doentes. A compreensão da saúde
e da doença enquanto construção social permite abordar as doenças profissionais como fenómeno
definido socialmente, tornando-o relevante enquanto objeto de estudo sociológico. Neste sentido, a
investigação visa compreender por intermédio de histórias de vida, o modo como são geridos os casos
de doença profissional pelas entidades responsáveis. De acordo com os resultados obtidos, pode,
essencialmente, evidenciar-se a existência de um nível deficitário de informação por parte dos doentes
no que respeita aos trâmites que envolvem o processo de certificação de doença profissional; a
complexidade e morosidade na resolução dos processos e o alargado conjunto de dificuldades
desencadeado pela demora na sinalização e encaminhamento dos casos por doença profissional. Em
suma, a doença profissional enquanto problema social e sociológico, apresenta-nos um quadro
complexo de entendimentos, condicionalismos e consequências que interferem na relação do homem
com o trabalho e influenciam o processo de construção social da doença.
en
Addressing the domain of work implies its recognition as a key element in the individual’s
life, whose transformations are reflected at the individual and collective level, by modifying how
individuals relate to themselves and to thein surrounding contexts. Therefore, the diseases and
incapacities that occur as a result of work affect individuals in the most varied ways of their daily life.
Being work-related diseases those that result directly and exclusively of work performance, it becomes
pertinent to understand the adequacy of institutional practices, essentially at the level of responses
given to patients. The approach of health and disease as social construction allows us to conceptualize
work related diseases as a socially defined phenomenon, this becoming relevant as an object of
sociological study. This way, the research aims at understanding through life histories, how workrelated diseases are managed by the responsible entities. According to the results obtained, we can see
the existence of low information level by patients regarding the procedures that involve the process of
certification of work-related diseases; the complexity and slowness in the resolution of cases and the
wide range of difficulties triggered by the delay in signaling and routing the cases of work-related
diseases. In short, occupational diseases as a social and sociological problem presents us with a
complex framework of understanding, constrains and consequences that interfere in the relationship
between man and work and influence the process of social construction of the disease.