Título
Vítimas do “sexo forte” e agressoras do “sexo fraco”: relação entre as representações sociais do abuso sexual de crianças e jovens e as representações sociais de género numa amostra de estudantes profissionais
Autor
Monteiro, Catarina Carreiro Garcia
Resumo
pt
O abuso sexual de crianças e jovens é considerado um problema de saúde pública, acarreta
para as vítimas consequências mais negativas que qualquer outra forma de maus-tratos e é uma
realidade transversal a qualquer cultura. Apesar do investimento realizado no estudo desta
problemática, esta é ainda um tema tabu e envolto numa variedade de mitos que apenas contribuem
para a ocorrência do mesmo.
O principal objetivo desta dissertação é verificar se existe relação, e se sim, qual, entre as
representações sociais de género e as representações de abuso sexual de crianças e jovens numa
amostra de estudantes e profissionais das áreas da saúde, educação, ação social, direito, forças
policiais, e outras com contacto com crianças e jovens.
O presente estudo contou com uma amostra de 168 participantes e a recolha de dados foi
realizada através de um questionário online constituído por três instrumentos de autorrelato -
Questionário de Representações sobre o Abuso Sexual de Crianças – Histórias (QRASC-HIS), a
Escala de Crenças sobre o Abuso Sexual (ECAS) e a Escala de Atitudes Pacíficas face ao Género
(EAPG).
Os principais resultados tornam evidente que as representações sociais de género estão
relacionadas com as representações sociais do abuso sexual de crianças e jovens, na medida em que
indivíduos com atitudes mais assimétricas face ao género apresentam maior legitimação do abuso
sexual. Revelou-se ainda que casos em que a agressora é do sexo feminino e a vítima do sexo
masculino são mais legitimados.
en
Sexual abuse of children and youth is considered a public health problem, which has more
negative consequences for victims than any other form of maltreatment and is a cross-cultural
reality. Despite the investment made in the study of this problem, this is still a taboo subject and is
involved in a variety of myths that only contribute to its maintaince.
The main objective of this dissertation is to verify if there is a relationship, and if yes, which
is, between the social representations of gender and the social representations of sexual abuse of
children and youth in a sample of students and professionals in the areas of health, education, social
action, law, police and others with contact with children and youth.
The present study had a sample of 168 participants and the data collection was performed
through an online questionnaire consisting of three self-report instruments - Questionnaire of Beliefs
on Children Sexual Abuse-Histories (QRASC-HIS), the Scale of Beliefs on Sexual Abuse and the
Pacific Attitudes Towards Gender Scale (EAPG).
The main results make it clear that the social representations of gender are related to the
social representations of sexual abuse of children and youth and that individuals with more gender
asymmetric attitudes present greater legitimation of sexual abuse. It was also revealed that cases in
which the aggressor is female and the victim is male are more legitimated.