Título
As greves gerais em Portugal entre 2011 e 2014
Autor
Santos, Carlos Miguel Vieira dos
Resumo
pt
No período entre 2011 e 2014, Portugal viveu num ambiente de profunda austeridade, forçado por um
PAEF implementado através de medidas políticas contidas num memorando de entendimento, o que
contribuiu para um condicionamento financeiro e uma recessão económica, proporcionando o
surgimento de sentimentos de revolta e protesto social no seio da sociedade portuguesa, que se
materializaram, nomeadamente, em quatro greves gerais realizadas nessa fase.
Tendo em conta a conjuntura apresentada, o objetivo deste estudo é analisar o enquadramento
político, económico e social deste período e procurar identificar os motivos que estiveram na base de
cada uma das paralisações. Pretende-se ainda realizar uma análise sobre as estratégias utilizadas pelas
duas confederações, CGTP e UGT, e avaliar o impacto que as greves gerais tiveram no panorama
político, económico e social português.
Conclui-se que todo este ambiente de tensão social veio favorecer o agravamento da histórica
rivalidade sindical existente entre as duas confederações que, de uma forma direta e indireta,
influenciaram as suas tomadas de posições políticas e estratégicas.
A concorrência sindical influenciou igualmente o funcionamento da CPCS e a eficaz implementação
de acordos nela subscritos, como sucedeu com o CCCE, devido à oposição da CGTP.
As greves gerais realizadas nesta fase, vieram realçar as divergências existentes no universo sindical,
que se destacaram pelos diferentes propósitos que cada confederação almejava alcançar. As diferenças
ideológicas, políticas e estratégicas foram sempre uma barreira inultrapassável no estabelecimento de
uma convergência sindical, em que nem a conjuntura de austeridade foi suficientemente persuasiva.
O presente estudo tem ainda o intuito de apresentar uma avaliação, do desempenho político e
estratégico das duas confederações e dos objetivos alcançados e não alcançados durante este período.
en
In the period between 2011 and 2014, Portugal lived in an environment of profound austerity, forced by
a PAEF that was implemented through political measures kept in in the memorandum of understanding
signed with the troika, that contributed to a financial conditioning and an economic recession, leading
to the emergence of uprising feelings and social protests among the Portuguese society that resulted
namely in four general strikes that were taken during this time.
Bearing in mind the situation presented above, the main objective of this study is to analyze the
political, economic and social framework during this period and try to identify the reasons that led to
each of the strikes. It is also part of this research to analyze the strategies used by the two trade union
confederations, CGTP and UGT, and evaluate the impact of the strikes in the Portuguese political,
economic and social landscape.
One may conclude that all this environment of social tension, favoured the already historical union
rivalry between both confederations that directly or not influenced political and strategical positions.
Trade union competition also influenced the functioning of the CPCS and the effective
implementation of the agreements signed there, as was the case with the CCCE, due to the opposition
of the CGTP.
The general strikes from this period enhanced the differences between the confederations, which were
emphasized by the different objectives that each one wanted to achieve. Ideological, political and
strategical differences were always a barrier impossible to overcome in what concerns the establishment
of a trade union convergence, in a situation where not even the pressure of an austerity environment was
persuasive enough, this study also aims to preset an evaluation of the political and strategical
performance of both confederations, and the objectives that were achieved and not achieved during this
period.