Título
Agora ou nunca!: Processos de tomada de decisão de mães sobre a gestão da maternidade nas províncias de Maputo e Maputo Cidade, Moçambique
Autor
Menezes, Ilundi Durão de
Resumo
pt
A maternidade é das experiências mais multifacetadas para o Homem e especificamente mais intensa para a mulher dado o aspeto fisiológico da gestação. Com as profundas transformações da medicina moderna o discurso sobre a maternidade vem sido circunscrito a limites epidemiológicos. Contudo, no mundo para além do ocidental, a biomedicina entra mais tardiamente e junta-se à mescla abundante de terapias que as mulheres procuram de forma simultânea para a gestão da maternidade. Esta pluralidade de sistemas médicos acontece em dimensões estruturantes dos indivíduos: crenças, família, medicina moderna e medicina tradicional. Torna-se imperativo perceber os contornos socioculturais nos processos de tomada de decisão das mulheres na gestão da maternidade.
Usando a teoria dos capitais de Bourdieu pretende-se examinar a relação entre os capitais e o pluralismo médico para demonstrar a tendência de que os capitais educacional e económico se esbatem nos processos de tomada de decisão, reiterando a pujança da influência dos capitais cultural e simbólico. A agência exercida pela mulher vai depender da sua identidade, vida biográfica e o seu contexto socioeconómico e cultural. A forma como se determina a maternidade sã é como se entendem as práticas. A forma como o poder e os recursos são vividos moldam as prioridades e ações das mulheres. Isto tem implicações para a investigação e nos esforços para a melhoria de resultados de saúde que sejam duradouros.
Para operacionalizar a pergunta de investigação foram entrevistados dois grupos de mulheres extremados na posição de classe (nos capitais educacional e económico). Os dois grupos de mulheres entrevistadas diferenciados pela variação extremada nos fatores estruturais permitiram estudar se/como os fatores socioculturais (capitais cultural e simbólico) seriam explicativos nas tendências dos processos de tomada de decisão. Foram conduzidas entrevistas semiestruturadas, tendo sido usado o depoimento de 39 mulheres das Províncias de Maputo e Maputo Cidade em Moçambique nos resultados aqui apresentados.
en
Motherhood is one of the most multifaceted experiences for mankind and more intense for women, specifically, given the physiological element of the gestational period. The profound transformations of modern medicine circumscribed the discourse on motherhood to epidemiology. However, beyond the Western world, biomedicine is introduced later and ties in the abundant mix of therapies that women simultaneously seek for managing maternity. This profusion of medical systems occurs in structuring dimensions of individuals: beliefs, family, modern medicine and traditional medicine. It is imperative to understand the sociocultural contours in women's decision-making processes in managing maternity.
Using Bourdieu's capital theory, the goal of this study is to examine the relationship between capitals and medical pluralism to demonstrate the tendency for educational and economic capitals to become blurred in decision-making processes, reiterating how profound the influence of cultural and symbolic capitals is. Women’s agency will depend on their identity, life story and socio-economic and cultural context. The way in which healthy motherhood is perceived is a gateway to understand practices. Women's priorities and actions are shaped by their experiences of power and resources. This has implications for research and efforts to improve and sustain health outcomes.
To operationalize the study hypothesis two groups of women were interviewed in opposing social classes (regarding educational and economic capitals). The two groups of women interviewed differentiated by the extreme variation in structural factors allowed for the assessment on whether/how sociocultural factors (cultural and symbolic capitals) would be explanatory in trends of decision-making processes. Semi-structured interviews were conducted and the testimony of 39 women from Maputo and Maputo City Provinces in Mozambique was used in the results presented here.