Título
"Ser ou não ser uma super-mulher": Um contributo sobre as estratégias de coping na gestão do conflito trabalho-família
Autor
Robalo, Marta Alexandra André
Resumo
pt
A investigação sobre o "coping" em contexto de conflito trabalho-família (CTF) tem vindo a receber maior atenção ao longo dos anos e, apesar de não haver um consenso quanto à melhor estratégia, reconhece-se que o "coping" é uma forma de reduzir o CTF, havendo maior destaque das estratégias de redefinição pessoal e estrutural de papel, comportamento reativo e estratégias focadas no problema e na emoção. As mulheres continuam a ser as cuidadoras primárias dos filhos lidando frequentemente com o CTF e, portanto, o presente estudo visa melhorar a compreensão sobre as estratégias de "coping" utilizadas pelas mulheres.
Com vista a identificar as estratégias utilizadas pelas mulheres para lidarem com o CTF, foi conduzido um estudo qualitativo, onde foram estudadas perspetivas de 26 mulheres, com dois ou mais filhos através de entrevistas semiestruturadas e individuais. A análise dos dados foi realizada através da análise template recorrendo ao software MAXQDA.
As estratégias de coping identificadas foram inicialmente classificadas quanto ao contexto e âmbito. Verificou-se que houve um relevo das estratégias de "self-coping" de natureza cognitiva e emocional e das estratégias comportamentais usadas no contexto do trabalho. Posteriormente, reclassificou-se as estratégias quanto ao tipo, momento preferencial, alvo e proatividade em enfrentar o CTF. Verificou-se que as mulheres usam sobretudo estratégias de prevenção ativas, de segmentação e focadas no problema, bem como estratégias reativas, passivas, de segmentação e com foco no problema e na emoção. Reconhece-se a necessidade de uma maior oferta de programas organizacionais "family-friendly" que vá ao encontro das necessidades dos trabalhadores.
en
Research on coping in the context of work-family conflict (WFC) has received increasing attention over the years, and although there is no consensus on the best strategy, it is recognized that coping is a way of reducing WFC, with greater emphasis on personal and structural role redefinition strategies, reactive behavior, and problem and emotion-focused strategies. Women continue to be the primary caregivers of their children, often dealing with WFC and, therefore, the present study aims to improve the understanding of coping strategies used by women.
In order to identify the strategies used by women to deal with the WFC, a qualitative study was conducted, where perspectives of 26 women with two or more children were studied through semi-structured and individual interviews. Data analysis was performed through template analysis using the MAXQDA software.
The coping strategies identified were initially classified according to context and scope. It was found that there was a emphasis on cognitive and emotional strategies of self-coping and the behavioral strategies used in the context of the work. Subsequently, the strategies were reclassified as to the type of strategy, preferred moment, coping target and proactivity in facing WFC. It was found that women mainly use active, segmentation and problem-focused prevention strategies, as well as passive, reactive and segmentation strategies, with a focus on both problem and emotion. The need for a broader range of family-friendly organizational programs to meet workers' needs is recognized.