Título
Correlates of music training: Plasticity or predispositions?
Autor
Correia, Ana Isabel Costa
Resumo
pt
A possibilidade de o treino musical melhorar competências cognitivas e socioemocionais tem atraído a atenção de investigadores, comunicação social e da população em geral. No entanto, a inconsistência dos resultados e as limitações teóricas e metodológicas dos estudos existentes colocam questões interpretativas. Estudos recentes sugerem que a genética pode influenciar a prática, competência e conquistas musicais, bem como associações entre domínios
musicais e não musicais. Embora frequentemente se assuma que a competência musical é resultado do treino musical, ela não é exclusiva dos músicos e varia amplamente na população em geral. Contudo, os correlatos de diferenças individuais nas competências musicais permanecem pouco compreendidos. Num conjunto de cinco estudos, esta tese investigou diferenças individuais na competência musical de indivíduos com e sem treino musical.
Examinou-se a forma como estas diferenças individuais se relacionam com variáveis habitualmente estudadas em relação ao treino musical, nomeadamente capacidade cognitiva, reconhecimento de emoções, personalidade, e variáveis sociodemográficas. No Estudo 1, a capacidade de reconhecer emoções vocais evidenciou uma associação fraca com o treino musical, mas forte com as capacidades de perceção musical, independentemente do treino musical. No Estudo 2, o Musical Ear Test revelou ser uma ferramenta confiável e válida para avaliar a competência musical online. No Estudo 3, músicos profissionais apresentaram maior competência musical e perfis de personalidade diferentes comparativamente com outros indivíduos, mas não diferiram na capacidade cognitiva. No Estudo 4, as competências musicais mostraram uma associação com a capacidade cognitiva e experiências musicais informais, mas não com traços de personalidade. Além disso, indivíduos sem treino musical mas com boa competência musical tiveram um desempenho semelhante ao de indivíduos com treino musical em termos de capacidade cognitiva, mas obtiveram um valor inferior no traço de personalidade abertura à experiência. No Estudo 5, os participantes foram relativamente capazes de avaliar a sua própria competência musical, embora tendessem a sobrestimá-la, uma tendência que foi mais pronunciada nos homens e em indivíduos com menor capacidade cognitiva. Em geral, a investigação desenvolvida sublinha a importância de considerar a musicalidade de indivíduos sem treino musical, bem como as diferenças entre indivíduos com treino musical, no sentido de melhorar a nossa compreensão das associações entre competências musicais e não musicais.
en
The possibility that music training improves cognitive and socioemotional abilities has captured the attention of researchers, the media, and the general population. Nevertheless, the inconsistency of the results and the theoretical and methodological limitations of the studies raise interpretative issues. Recent studies suggest that genetics might influence musical practice, aptitude, and achievements, as well as associations between musical and nonmusical domains. Although musical ability is often assumed to result from music training, it is not exclusive to musicians and varies widely among the general population, but the correlates of individual differences in musical abilities remain poorly understood. Through a series of five studies, this thesis investigated individual differences in musical ability among musically trained and untrained individuals. It examined how these differences relate to variables that are usually studied in the context of music training, namely cognitive ability, emotion recognition, personality, and sociodemographic variables. In Study 1, the ability to recognize vocal emotions was only weakly associated with music training, but strongly associated with music-perception
abilities regardless of music training. In Study 2, the Musical Ear Test proved to be a reliable and valid method to assess musical ability online. In Study 3, professional musicians showed enhanced musical ability and different personality profiles compared to other individuals, but they were average in terms of cognitive ability. In Study 4, musical abilities were associated with cognitive ability and informal musical experiences but not with personality traits.
Moreover, musically untrained individuals with enhanced musical aptitude performed similarly to trained individuals in cognitive ability, but lower in the personality trait openness-toexperience.
In Study 5, participants provided relatively accurate ratings of their own musical ability, even though they tended to over-estimate their ability, a tendency that was exaggerated for men and for individuals with lower cognitive ability. Overall, the present research underscores the importance of considering the musicality of untrained individuals and differences among trained individuals to improve our understanding of associations between musical expertise and nonmusical abilities.