Título
Ficar de fora: Contextos, processos, disposições e reflexividades dos adultos pouco escolarizados que não retomaram a educação formal
Autor
Silva, Vanessa Pinto Carvalho da
Resumo
pt
As sociedades contemporâneas, organizadas em torno do conhecimento, da informação e
da tecnologia, e entre transformações aceleradas, têm exigido uma adaptação rápida da
população através da participação em atividade de educação e aprendizagem ao longo da
vida (EALV). A investigação no campo da EALV tem mostrado que são os menos
escolarizados aqueles que menos participam nestas atividades, tendendo assim a
acentuar-se as desigualdades neste domínio. Estas conclusões, sendo importantes, não
têm sido suficientes para compreender quem são afinal estas pessoas e quais os
mecanismos e as condições sociais que favorecem a manutenção e o reforço destas
desigualdades, nem dão conta das suas perceções e reflexividades sobre a presença (e
ausência) de processos de EALV na sua biografia. Foram estes, precisamente, os
objetivos desta investigação.
Organizada em duas etapas metodológicas a pesquisa começou por mapear
nacionalmente o fenómeno, a partir dos dados nacionais do Inquérito à Educação e
Formação de Adultos (INE, 2016). Confirma-se que uma percentagem significativa da
população é pouco escolarizada e não retomou processos formais de educação. Trata-se
de um segmento da população heterogéneo, que cobre diversas idades e se distribuí
transversalmente pelo território nacional e por diferentes setores profissionais, tendo sido
identificados distintos perfis. A realização de 21 entrevistas de cariz biográfico confirmou
a heterogeneidade destes adultos e a multidimensionalidade das causas que têm
justificado o seu afastamento da educação formal. Ao longo das trajetórias de vida destes
adultos, atestou-se a interconexão dos motivos que têm justificado a ausência de retorno
à educação formal.
A multidimensionalidade deste fenómeno justifica uma intervenção conjunta entre
a academia e as políticas no sentido de melhor o conhecer para intervir.
en
Contemporary societies, which are organized around knowledge, information,
technology, and accelerated transformations, have been demanding a quick adaptation
from the population through their participation in activities of education and learning
throughout their life (EALV). The investigation in the field of EALV has shown that the
ones with lower levels of education are the ones who do not participate in these activities,
therefore, accentuating inequalities in this area. These conclusions, being important
themselves, have not been enough to understand who these people are after all and which
mechanisms and which social conditions favor the maintenance of these inequalities, nor
even give attention to their perceptions and reflexive thoughts about the presence (and
absence) of EALV processes in their biography. These were, precisely, the main goals of
this investigation.
Organized into two methodological stages, the research began by mapping the
phenomenon nationally, using national data from the Adult Education and Training
Survey (INE, 2016). It was confirmed that a significant percentage of the population has
low levels of education and has not taken up formal education processes. This is a
heterogeneous population segment that covers different ages and is spreading across the
country and professional sectors. Distinct profiles have been identified. By conducting 21
biographical interviews, the heterogeneity of these adults and the multidimensionality of
the causes behind their withdrawal from formal education were confirmed. Throughout
the life trajectories of these adults, the interconnectedness of the reasons for not returning
to formal education was confirmed.
The multidimensionality of this phenomenon justifies a joint intervention between
the academy and some policies to understand it and intervene.