Título
Imagens e discursos em campanhas humanitárias: Análise crítica das representações das populações afetadas
Autor
Vaz, Madalena Isaque Branquinho de Carvalho
Resumo
pt
A presente dissertação procura explorar as práticas de comunicação humanitária adotadas por ONG portuguesas de ajuda humanitária, com o objetivo de analisar criticamente de que forma os discursos e imagens utilizados nas suas campanhas influenciam a perceção do público em relação às pessoas retratadas e quais as possíveis implicações éticas dessas representações.
O estudo parte do reconhecimento da comunicação humanitária enquanto uma ferramenta fundamental para mobilizar apoio e recursos para causas humanitárias e, consequentemente, das ONG enquanto o principal canal que liga as populações afetadas retratadas e as audiências, capazes de moldar perceção das últimas e incentivar atitudes.
Todavia, as ONG vêm enfrentando um desafio no que diz respeito a comunicar crises e emergências humanitárias, sensibilizar para estas questões e influenciar ação entre as audiências sem comprometer os princípios éticos que orientam a sua comunicação, já que, ao recorrerem a imagens e discursos impactantes, a fim de gerar empatia, pena, revolta e indignação, podem incorrer na perpetuação de estereótipos, na exploração da vulnerabilidade e na perpetuação de dinâmicas de poder desiguais.
Através de uma abordagem qualitativa, o estudo combina a análise crítica do discurso e a semiótica visual para analisar campanhas de cinco ONG humanitárias em Portugal. Esta análise foi complementada por entrevistas a profissionais de comunicação das organizações, visando entender as estratégias adotadas, as suas perspetivas e os desafios enfrentados na elaboração e campanhas.
Os resultados sugerem que, embora o esforço que as ONG e respetivos profissionais vêm fazendo no sentido de fazer prevalecer o princípio de Do-No-Harm, continua a justificar-se a revisão das práticas e estratégias comunicacionais a fim de garantir uma aplicação rigorosa das diretrizes éticas que guiam a comunicação humanitária.
en
This dissertation seeks to explore the humanitarian communication practices adopted by Portuguese humanitarian aid NGOs, with the aim of critically analyzing how the discourses and images used in their campaigns influence the public's perception of the people portrayed and what the possible ethical implications of these representations are.
The study starts from the recognition of humanitarian communication as a fundamental tool for mobilizing support and resources for humanitarian causes and, consequently, of NGOs as the main channel linking the affected populations portrayed and the audiences, capable of shaping the perception of the latter and encouraging attitudes.
However, NGOs are facing a challenge when it comes to communicating humanitarian crises and emergencies, raising awareness of these issues and influencing action among audiences without compromising the ethical principles that guide their communication, since by resorting to impactful images and speeches in order to generate empathy, pity, revolt and indignation, they may incur in the perpetuation of stereotypes, the exploitation of vulnerability and the perpetuation of unequal power dynamics.
Using a qualitative approach, the study combines critical discourse analysis and visual semiotics to analyze the campaigns of five humanitarian NGOs in Portugal. This analysis was complemented by interviews with the organizations' communication professionals, with the aim of understanding the strategies adopted, their perspectives and the challenges faced when designing campaigns.
The results suggest that, despite the efforts that NGOs and their professionals have been making to enforce the Do-No-Harm principle, there is still a need to review communication practices and strategies in order to ensure rigorous application of the ethical guidelines that guide humanitarian communication.