O presente estudo analisa o impacto da emissão dos relatórios de transparência das firmas de auditoria na qualidade da auditoria, das empresas portuguesas não cotadas. Para mensurar a qualidade de auditoria uso como "proxy" os acréscimos discricionários e como teste de robustez a metodologia "difference-in-difference", em que a amostra de controlo foi selecionada pelo propensity score matching. A amostra é composta por empresas portuguesas não cotadas em bolsa no período compreendido entre 2017 a 2021, momento em que o relatório de transparência se tornou de emissão obrigatória pelas firmas de auditoria que auditam entidades de interesse público. Concluo que a qualidade de auditoria é superior quando estamos perante empresas que não emitem relatórios de transparência. Uma possível justificação é que estas firmas de auditoria são de menor dimensão do que as que emitem relatórios de transparência, tendo incentivos diferentes para a execução de auditorias (menos clientes, apenas uma atividade profissional e mais tempo para efetuar uma auditoria cuidadosa e detalhada). Adicionalmente, concluo que as empresas que emitem relatórios de transparência têm qualidade de auditoria superior quando se tratam de firmas não Big 4. Pode justificar-se esta situação pelo facto das firmas não Big 4 terem mais incentivos em se distinguir das demais, por terem uma carteira de cliente menor, e por poderem dar mais atenção e dedicação à produção dos relatórios, tornando-se numa maisvalia e fonte diferenciadora das outras auditoras do mercado.

This study analyses the impact of the issuance of transparency reports by audit firms on the audit quality of unlisted Portuguese companies. To measure audit quality, I use discretionary accruals as a proxy and the difference-in-difference methodology as a robustness test, in which the control sample was selected by propensity score matching. The sample is made up of Portuguese companies not listed on the stock exchange between 2017 and 2021, when the transparency report became mandatory for audit firms auditing public interest entities. I conclude that audit quality is higher in companies that do not issue transparency reports. One possible justification is that these audit firms are smaller than those that issue transparency reports and have different incentives to carry out audits (fewer clients, only one professional activity and more time to carry out a careful and detailed audit). In addition, I conclude that companies that issue transparency reports have higher audit quality than non-Big4 firms. This can be justified by the fact that non-Big 4 firms have more incentive to distinguish themselves from the others, because they have a smaller client portfolio, and because they can give more attention and dedication to producing the reports, making them an asset and a source of differentiation from other auditors in the market.