Aula Ernesto Veiga de Oliveira
Sessão de Abertura do Ano Letivo
Organização: Departamento de Antropologia da Escola de Ciências Sociais e Humanas
As questões da propriedade intelectual e da apropriação cultural têm recebido pouca atenção por parte dos antropólogos e musicólogos, mas o assunto é demasiado importante para ser deixado aos juristas e diplomatas. No contexto de uma antropologia pós-colonial, no domínio da propriedade intelectual as relações econômicas coloniais foram enquadradas por regulamentações ainda hegemónicas e que continuam a favorecer os cosmopolitas alfabetizados e individualistas em detrimento das comunidades rurais e não alfabetizadas. Durante os 45 anos que Anthony Seeger trabalhou com os índios Suyá/Kĩsêdjê do Brasil, alguns conceitos importantes neste domínio - de "mestre", "proprietário" e "trabalho de campo" - mudaram significativamente. Algumas destas transformações são profundas e de longo alcance, outras são aparentemente triviais, mas indicativas de mudanças adicionais. Antropólogos de diferentes especializações precisam de estar cientes das mudanças do entendimento das pessoas com quem trabalhamos em relação à propriedade intelectual e ao trabalho de campo e das implicações que essas mudanças têm para a disciplina.
Entrada Livre
Auditório Mário Murteira, Edifício Sedas Nunes
Nota Biográfica
Anthony Seeger é antropólogo, etnomusicólogo, arquivista e produtor audiovisual. Foi Professor Honorário de Etnomusicologia na UCLA e diretor-fundador e curador da Smithsonian Folkways Recordings. Foi ainda professor no Museu Nacional do Rio de Janeiro e na Universidade de Indiana.
Formou-se em Ciências Sociais pela Universidade de Harvard e doutorou-se em Antropologia pela Universidade de Chicago. Realizou pesquisas extensas entre os Suyá/Kĩsêdjê, no Mato Grosso do Sul. É autor de três livros, quatro volumes co-editados, mais de 120 artigos, capítulos de livros e outras publicações sobre antropologia, música, propriedade intelectual e património imaterial.