Companhia: Transcendência e canoas nos mangais da Bahia

Conferência

novembro

2020

Local

Auditório B2.03 - Ferreira de Almeida

Piso 2

Edifício 2

Companhia: Transcendência e canoas nos mangais da Bahia

Aula Ernesto Veiga de Oliveira | Abertura do Ano Letivo de Antropologia

04 de novembro | 18:00

Lotação limitada à capacidade do auditório | Streaminga através do link www. bit.ly/AulaEVO

Há transcendência na companhia. Na vida quotidiana das relações humanas, as pessoas participam na essência umas das outras e também nos aspectos e objetos mais relevantes do mundo que as rodeia. Esta conferência analisa um caso de ajuda mútua entre vizinhos e familiares numa aldeia peri-urbana nos mangais costeiros da Bahia, onde fiz trabalho de campo entre 2004 e 2012. Embora assuma muitas formas diferentes, a entreajuda caracteriza-se aí por experiências emocionais e místicas profundas. A razão pela qual a ‘companhia’ de amigos e familiares na entreajuda se apresenta aos agentes como mística é que é constitutiva das próprias pessoas como fenómeno proposicional (ou seja, da sua essência, aquilo que as define enquanto pessoas). São relações de ‘participação’ no sentido forte da expressão, portanto relações marcadas por afetividade e por efeitos simbólicos que vão muito para além da percepção.

Nota Biográfica

João Pina-Cabral é Investigador Coordenador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e Professor Emérito de Antropologia Social na Escola de Antropologia, Geografia e Ambiente da Universidade de Kent (RU). Foi co-fundador e presidente da Associação Portuguesa de Antropologia e da Associação Europeia de Antropólogos Sociais. Realizou extenso trabalho de terreno em Portugal, Macau, Moçambique e Bahia. Principais obras: Filhos de Adão, Filhas de Eva (trad. port., D. Quixote 1989), Os contextos da antropologia (Difel 1991), Aromas de Urze de Lama (2ª ed, ICS 2008), Em Terra de Tufões (Instituto Cultural de Macau 1993), O homem na família (ICS 2003), Between China and Europe (Berg 2002), Gente Livre (Terceiro Nome, S. Paulo 2013). A sua obra mais recente (World: An anthropological examination—Chicago, HAU books, 2017) reflete sobre as condições de possibilidade do gesto etnográfico. Editou com R. Feijó e H. Martins A morte no Portugal contemporâneo (Querco 1984), com J.K. Campbell Europe Observed (Macmilan 1992), com A. Pedroso de Lima Elites: Choice, Leadership and Succession (Berg 2000), com Fernando Gil O processo da crença (Gradiva 2004), com Clara Carvalho A persistência da história (ICS 2004), com S. Matos Viegas Nomes (Almedina 2007), com F. Pine On the margins of religion (Berghahn 2008), com C. Toren The challenge of epistemology (2011), e com G. Bowman After Society (Berghahn 2020).