O presente projeto tinha como principal objetivo compreender a influência das condições de trabalho de motoristas de pesados de mercadorias na perceção do seu estado de saúde, e o efeito que esta autoavaliação tem na sua intenção de se reformar. Tendo como referência a Análise Ergonómica do Trabalho (Wisner, 1995), os dados foram recolhidos através de três técnicas qualitativas: análise documental, observação livre e entrevista semiestruturada. Os principais resultados revelam a existência de uma banalização dos riscos por parte dos motoristas por estes considerarem que o desconforto físico e as dores são habituais nesta profissão. A irregularidade e a indefinição dos horários de trabalho afetam os domínios pessoal, social e familiar da vida do indivíduo, sendo um importante fator gerador de stress. Os motoristas consideram encontrar-se de boa saúde e plenamente aptos para realizar o seu trabalho, embora reconheçam que algumas capacidades tendem a deteriorar-se com o envelhecimento. Nesse sentido, os motoristas afirmaram que a idade ideal de reforma seria entre os 57 e os 62 anos, uma vez que esta profissão é muito desgastante física e psicologicamente. Como resposta aos desafios encontrados nesta empresa, e no sentido de criar condições para que os seus trabalhadores permaneçam na força de trabalho durante mais tempo, foi elaborada uma proposta de intervenção que assenta em três níveis: o micro que propõe mudanças no posto de trabalho do motorista, o meso que sugere às entidades responsáveis alterações na regulamentação da profissão e o macro cujas recomendações se baseiam na Gestão Previsional de Recursos Humanos.

The purpose of this project was to understand the influence of truckers’ working conditions in their perception of their health status, and the effect that this self-assessment has in his retirement intentions. Applying Ergonomic Analysis of Work (Wisner, 1995), data were collected through three qualitative techniques: document analysis, observation and semi-structured interview. Results reveal that drivers perceive occupational risks, physical discomfort and pain as a natural part of their profession. Working hours’ irregularity and uncertainty affect individual’s personal, social and family life and are an important fator that produce stress. Drivers find themselves in good health and fully able to perform their work, although recognizing that some of their abilities have deteriorated with age. Thus, the drivers reported that the ideal retirement age would be between 57 and 62 years since this occupation is physically and psychologically demanding. In response to the challenges faced in this organization, and in order to create conditions for their workers remain in the workforce, we propose an intervention based on three levels: in micro level, we recommend adjustments in the driver’s work station, in meso level we suggest some changes to entities that are responsible for job regulation and in the macro level, endorsements made are based on Provisional Human Resources Management.