Teses e dissertações

Mestrado
Sociologia
Título

Os desafios da vida pós prisão: o estigma prisional e a readaptação à vida extramuros: um estudo de dois casos

Autor
Damas, Margarida Madruga das Neves Silva
Resumo
pt
A reclusão é concebida na lei portuguesa como ultima ratio do sistema penal, servindo a ressocialização do agente criminal e a proteção da sociedade. No entanto, a realidade patenteada nos índices de reincidência expõe um problema estrutural na readaptação pós-prisão. A vida extramuros significa para o ex-recluso, nos primeiros anos após saída, um processo de readaptação à vida fora dos estabelecimentos prisionais, ultrapassando o impacto negativo do encarceramento. Este exige a criação de uma identidade temporária, para uso em reclusão e cristalizada socialmente no registo criminal, estigmatizando. O estigma condiciona a possibilidade de readaptação pós-pena, a um nível pessoal, familiar e profissional. Para perceber de que forma o estigma prisional condicionou a vida extramuros e qual a sua ligação a outros eventuais estigmas prévios, desenhou-se um plano metodológico intensivo, visando explorar as potencialidades da noção de estigma. Levantaram-se histórias de vida de 2 ex-reclusos, ambicionando analisar as relações entre a situação prévia à reclusão e a adaptação à vida extramuros, explorando formas de mitigar o estigma. Apesar de limitados pela quantidade de casos, os dados recolhidos evidenciaram uma continuação da punição extramuros. Os efeitos do estigma prisional revelaram-se diferentes para os sujeitos de estudo, objetiva e subjetivamente. A relação entre a experiência pessoal e social prévia e a intensidade do estigma revelou-se um campo a explorar. A reconhecida criminalização da pobreza deve ser reelaborada tendo em conta, o abandono familiar, escolar, sistémico e estrutural de crianças, que para além de pobres são traumatizadas pela respetiva experiência de vida.
en
Incarceration is a last resort measure for the Portuguese law, that must fulfill the resocialization of the criminal agent and protect the general society. However, the reality displayed by the recidivism rates exposes a structural problem on the adaptation post-prison. Life post-prison means for the former inmate, on the first years after-release, a process of readaptation to a life besides the prison facility, surpassing the negative impact of incarceration. Incarceration demands the creation of a temporary identity, used during the sentence, that becomes socially crystallized on the criminal record, stigmatizing. This stigma constrains the possibility of readaptation post-prison at a personal, familiar and professional level. To understand how prison stigma constrains former inmates and, its connections to others, eventual, previous stigmas, an intensive methodical plan was drawn, aiming to explore the potentialities of the concept of stigma. Life histories were collected from 2 former inmates to understand the relationship between their previous circumstances and their readaptation after prison, exploring ways of alleviating the stigma. Despite limited by the quantity of cases analyzed, data showed a continuum of punishment, outside prison. The effects of prison stigma emerged as different, on objective and subjective levels, for the studied cases. A relationship between personal and social experience prior to imprisonment and the intensity of the stigma felt afterwards, appeared as a field to explore. The concept of criminalization of poverty must be re-elaborated, considering different levels of structural and institutional abandonment of children, that besides being poor, are traumatized by their own experiences.

Data

19-out-2021

Palavras-chave

Social Inequalities
Desigualdade social
Reinserção social
Estigma prisional
Readaptação pós prisão
Criminalização da pobreza
Prison stigma
Post-prison adaptation
Inmate reentry
Criminalization of poverty

Acesso

Acesso livre

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