Título
Trabalho não pago em tempos de pandemia: como as des/igualdades de género impactam a satisfação no trabalho pago
Autor
Ramos, Jéssica de Oliveira
Resumo
pt
Apesar dos avanços no caminho para a igualdade de género, as assimetrias entre mulheres e
homens a nível de trabalho não pago ainda se verificam. Com a pandemia de Covid-19, o
teletrabalho veio apresentar uma visão aparentemente otimista em relação à partilha do trabalho
não pago entre casais, uma vez que promove o aumento de tempo passado em casa. Sabe-se
que este trabalho aumentou consideravelmente durante este período, comparativamente ao
período pré-pandemia. Embora o teletrabalho seja frequentemente associado a uma maior
satisfação no trabalho, o aumento de trabalho não pago e a partilha do mesmo entre o casal
poderá colocar em causa esta associação. Assim, pretendemos compreender de que forma a
partilha des/igualitária do trabalho não pago impacta a associação entre os regimes de trabalho
– teletrabalho e trabalho presencial – e a satisfação no trabalho, numa perspetiva de género.
Para a recolha de dados, foi elaborado um questionário online, tendo-se obtido um total de 280
participantes, 158 mulheres e 122 homens, com uma média de idades de 45.73 (DP = 10.45).
Os resultados revelaram que o trabalho não pago continua a ser maioritariamente assumido
pelas mulheres, e que a partilha deste entre o casal não moderou a associação entre os regimes
de trabalho e a satisfação no trabalho, sendo que o sexo dos/as participantes também não teve
impacto nesta relação. De modo geral, observa-se a permanência de uma atribuição tradicional
dos papéis de género, mas com ligeiras atenuações, que podem indicar sinais de evolução no
sentido da igualdade de género.
en
Despite advances in gender equality, it is still verified asymmetries between women and men
at the unpaid work level. With the Covid-19 pandemic, the telecommuting regime came to
present an apparently optimistic view regarding the sharing of unpaid work between couples.
It is known that unpaid work increased considerably during this period, compared to the pre-
pandemic period. Although telecommuting has often been associated with greater job
satisfaction, the increase of unpaid work and the sharing of this work between the couple can
put this association into question. Thus, this study aims to understand how the des/egalitarian
sharing of unpaid work impacts the association between the work regimes – telecommuting and
office regime – and the job satisfaction, from a gender perspective. For data collection, an
online questionnaire was prepared, obtaining a total of 280 participants, 158 women and 122
men, with an average age of 45.73 (SD = 10.45). The results revealed that unpaid work is still
mostly assumed by women, and that the sharing of these between couples did not moderate the
association between work regimes and job satisfaction, wherein the sex of the participants also
had no impact on this relationship. In general, there is a permanence of a traditional attribution
of gender roles, but with slight attenuations, which may indicate signs of evolution towards
gender equality.