O século XXI está marcado pelo desafio de erradicar a pobreza e a aspiração de viver uma vida próspera dentro dos limites dos recursos naturais do planeta. Se durante séculos o modelo económico existente take, make, and waste foi um êxito no crescimento da economia, hoje é necessário repensar este sistema que está baseado no consumo e no uso dos recursos naturais. De outra parte, existe um paradoxo das classes mais abastadas estarem a prosperar, mas a pobreza mundial continuar em crescimento. Isto reflete uma gestão prejudicial, não apenas para os recursos do planeta, mas também para as classes mais desfavorecidas.. Para mitigar a problemática social e ecológica, foi desenvolvido um modelo económico sustentável: Doughnut Economics (DE) em 2012 por Kate Raworth, que relaciona os limites planetários e as bases sociais, as quais definem os limites mínimos de bem-estar para um ser humano. O DE reflete o objetivo da humanidade estar dentro do espaço justo e seguro (o donut). Através desse modelo económico foi criada uma metodologia de aplicação na cidade e que tem como objetivo criar soluções sustentáveis, ecológicas e sociais para as cidades existentes. Esta metodologia teve a sua primeira aplicação em Amesterdão no ano de 2020 e encontra-se neste momento em avaliação de resultados. Este ensaio explora a possibilidade da redução de escala da aplicação do Doughnut Economics à escala de cidade, para uma escala de edifício, passando também pela escala do intermédia do empreendimento. Este projeto de arquitetura foi elaborado através da análise e compreensão do modelo do DE e da metodologia, através de um guia “Criando Retrato de cidade” disponibilizado pela organização Thriving Cities. Este guia surgiu após aplicação do DE em Amesterdão. Assim como, também foram investigadas as condições existentes no concelho de Mafra, onde será implantado o empreendimento desenvolvido através da metodologia. Conclui-se que a aplicação da metodologia Retrato de Cidade do Dougnhut Economics a uma escala mais reduzida, do empreendimento e do edifício, é uma estratégia viável, promissora e aplicável tendo algumas variantes da metodologia que não têm aplicação. As decisões e soluções construtivas integradas no empreendimento revelam oportunidades no que se pode vir a tornar a arquitetura, tendo como objetivo tornar cidades prósperas e pessoas prósperas, visando o bem estar de todos e do planeta.

The 21st century is marked by the challenge of eradicating poverty and the aspiration to live a prosperous life within the limits of the planet’s natural resources. If for centuries the existing take, make, and waste economic model was successful in growing the economy, today it is necessary to rethink this system that is based on consumption and the use of natural resources. On the other hand, there is a paradox that the wealthier classes are prospering, but world poverty continues to grow. This reflects a harmful management, not only for the planet’s resources, but also for the most disadvantaged classes. To mitigate the social and ecological problems, a sustainable economic model was developed: Doughnut Economics (DE) in 2012 by Kate Raworth, which relates planetary limits and social bases, which define the minimum limits of well-being for a human being. DE reflects the goal of humanity to be within the just and safe space (the doughnut). Through this economic model, a methodology was created for application in the city, which aims to create sustainable, ecological and social solutions for existing cities. This methodology had its first application in Amsterdam in the year 2020 and is currently being evaluated for results. This trial explores the possibility of scaling down the application of Doughnut Economics from a city scale, to a building scale, and also to the scale of the middle of the development. This architectural project was developed by analyzing and understanding the DE model and methodology through a “City Portrait” guide made available by the Thriving Cities organization. This guide came about after application of the DE in Amsterdam. As well as, the existing conditions in the municipality of Mafra were also investigated, where the enterprise developed through the methodology will be implanted. It is concluded that the application of Dougnhut Economics to a smaller scale, of the enterprise and the building, is a viable, promising and applicable strategy having some variants of the methodology that have no application. The decisions and constructive solutions integrated in the enterprise reveal opportunities in what architecture can become, aiming to make prosperous cities and prosperous people, aiming the well being of all and of the planet.