Título
Teletrabalho e aumento da polarização e das desigualdades em Portugal
Autor
Antunes, João Daniel Figueira
Resumo
pt
A presente dissertação tem como objetivo identificar as diferenças entre os perfis
socioprofissionais dos teletrabalhadores e dos não teletrabalhadores durante o 2º trimestre de
2020. Concretamente pretende-se avaliar a extensão das desigualdades observadas e verificar,
se de facto, corresponde a uma polarização.
A análise empírica é de cariz quantitativo e baseada nos dados do Inquérito ao Emprego
e respetivo módulo “Trabalho a partir de casa 2020” do 2º trimestre de 2020. A escolha pelo 2º
trimestre justifica-se pelo facto que foi durante esse período que Portugal atingiu o pico de
trabalhadores em teletrabalho (23.1% da população empregada portuguesa).
De um modo geral, os resultados obtidos permitem concluir que existem diferenças
socioprofissionais entre teletrabalhadores e não teletrabalhadores que remetem para
desigualdades – regionais, de género, entre profissões, de qualificações, de rendimento.
A generalização e o aumento da pressão para o teletrabalho poderão desencadear uma
polarização da sociedade dado que apenas os trabalhadores intelectuais podem estar em
teletrabalho enquanto os que trabalham com o corpo são postos de parte desta opção. Os
resultados obtidos demonstram efetivamente que o nível de qualificações e o tipo de ocupação
afetam significativamente a possibilidade do recurso ao teletrabalho; são os trabalhadores que
exercem profissões cientificas, técnicas e de gestão associadas a níveis de educação superiores
que permaneceram em teletrabalho. Contrariamente, os não teletrabalhadores estão mais
envolvidos em tarefas cognitivas de rotina e em tarefas manuais de rotina, ou seja tarefas de
cariz repetitivo associadas a empregos não qualificados e semiqualificados.
en
The present dissertation aims to identify the differences between the socio-professional
profiles of teleworkers and non-teleworkers during the 2nd quarter of 2020. Specifically, we
intend to evaluate the extent of the inequalities observed and verify if, in fact, it corresponds to
a polarization. The choice of this theme was not only related to its relevance in social and
academic terms, but also because it is relatively recent which allows this dissertation to
contribute with more emphasis to the existing literature.
The empirical analysis is quantitative and based on data from the Inquérito ao Emprego
and its module "Trabalho a partir de casa 2020" from the 2nd quarter of 2020. The choice of
the 2nd quarter is justified by the fact that it was during this period that Portugal reached the
peak of teleworkers.
The generalisation and increase in the pressure for telework could ́ trigger a polarisation
of society given that only intellectual workers can be in telework while those who work with
the body are left out of this option. The results obtained effectively show that the level of
qualifications and the type of occupation significantly affect the possibility of resorting to
telework where it is the workers in scientific, technical and management professions associated
with higher levels of education who have remained in telework. On the contrary, the non-teleworkers
are more involved in routine cognitive tasks and in routine manual tasks i.e.
repetitive tasks associated with unskilled and semi-skilled jobs.