O sentimento de exclusão que os Ovimbundu manifestam, desde que Angola alcançou a paz e com ela veio a reconciliação nacional, foi o ponto de partida deste trabalho, cujo principal objectivo é descrever as diferentes percepções dos Ovimbundu sobre a sua exclusão na sociedade angolana entre 2002 a 2022. A escolha deste período deveu-se ao facto de ter sido nele onde se assistiu a ascensão de muitos Ovimbundu a lugares que antes se consideravam excluídos, tanto nos órgãos de soberania do país, como no aparelho governativo e nas estruturas de topo do partido que governa. Tal realidade, porém, não impediu o endurecimento do senso de marginalização que os membros deste grupo têm de si próprios dentro da sociedade angolana. São também explorados, neste trabalho, temas ligados com a identidade social dos Ovimbundu e a manipulação desta para efeitos de discriminação. O trabalho adopta uma abordagem qualitativa, tendo como procedimentos de recolha de dados a entrevista estruturada e a consulta bibliográfica. Os dados analisados não confirmam uma exclusão no sentido amplo da palavra, pois referem-se apenas a uma das dimensões, neste caso a mobilidade ascendente nas estruturas das organizações da sociedade angolana onde os Ovimbundu reclamam a pouca representação, enquanto povo mais numeroso de Angola. Contudo, a assumpção desta conclusão implica, necessariamente, compreender a arquitectura do poder político, em Angola, com todo o seu histórico trazido da época de afirmação dos movimentos nacionalistas.

The feeling of exclusion that the Ovimbundu manifest, since Angola reached peace and with it national reconciliation, was the starting point of this work, whose main objective is to describe the different perceptions of the Ovimbundu about their exclusion in Angolan society, among 2002 to 2022. Themes related to the social identity of the Ovimbundu and its manipulation for the purposes of discrimination are also explored in this work. The work adopts a qualitative approach, having as data collection procedures the structured interview and the bibliographic consultation. The answers analyzed do not confirm an exclusion in the broad sense of the word, as they refer to only one of the dimensions, in this case the upward mobility in the structures of the organizations of Angolan society where the Ovimbundu claim little representation, as the most numerous people in Angola. However, the assumption of this conclusion necessarily implies understanding the architecture of political power in Angola, with all its history brought back from the time of affirmation of nationalist movements.