Título
Partir ou ficar?: Transição para a reforma e migração de regresso de casais portugueses na Suíça
Autor
Azevedo, Liliana Marisa Vieira da Silva
Resumo
pt
A migração portuguesa para a Suíça tem sido um fenómeno assinalável nos últimos quarenta anos, quer pelo volume dos fluxos, quer pela sua intensidade em determinados períodos. O estudo centra-se na transição para a reforma de casais portugueses emigrados naquele país, procurando compreender o que acontece no fim da vida profissional, quando o principal motivo da emigração, o trabalho, deixa de existir. Os dados recolhidos apontam para uma aceleração, na última década, dos movimentos de saída da Suíça de portugueses/as acima dos 60 anos e sugerem que, na hora da reforma, o regresso é a situação mais frequente. Tendo como pano de fundo a sociologia das migrações e os estudos sobre o regresso, a pesquisa cruza as perspetivas do transnacionalismo, das mobilidades, do percurso de vida e do género, e articula-as com uma dimensão espácio-temporal, particularmente relevante na análise de dinâmicas migratórias ao longo de décadas. Entre 2018 e 2022, foram realizadas entrevistas biográficas, uma etnografia multi-situada, análise estatística e pesquisa histórica. Na monografia, é realçada a pluralidade de perfis na reforma e dado conta das alterações dos projetos migratórios numa perspetiva dia-crónica. Cruzando as aspirações e capacidades dos casais para partir ou ficar na Suíça no momento da reforma, são identificados dois tipos de regresso (assertivo e ambivalente adapta-tivo) e dois tipos de permanência (assertiva e ambivalente não assumida). São ainda discutidos os motivos para regressar e não regressar, as tensões e negociações no processo de tomada de decisão dos casais, assim como a mobilidade transnacional na reforma.
en
Portuguese migration to Switzerland has been a remarkable phenomenon in the last forty years, both for the volume of the flows and for their intensity in certain periods. This study focuses on the transition to retirement of Portuguese couples who migrated to that country. It seeks to understand what happens at the end of working life, when the main reason for migration – work – no longer exists. The collected data points to an acceleration, in the last decade, of the out-migration from Switzerland of Portuguese nationals aged over 60 and suggests that, at retirement, most decide to return. With the sociology of migration and return studies as a back-drop, the research combines the perspectives of transnationalism, mobility, life course and gender, and articulates them with a spatial-temporal dimension, which is particularly relevant in the analysis of migratory dynamics over decades. It draws on fieldwork conducted between 2018 and 2022, which included biographical interviews, a multi-sited ethnography, statistical analysis and historical research. The thesis highlights the plurality of retirement profiles and provides a diachronic account of the changes in migratory projects. Considering couples' aspirations and abilities to leave or stay in Switzerland upon retirement, it identifies two types of return (assertive and adaptive ambivalent) and two types of stay (assertive and passive ambivalent). I also discuss the reasons for returning and not returning, the tensions and negotiations in the couples' decision-making process, and transnational mobility following retirement.