Esta dissertação analisa a cobertura da Política Externa Feminista (PEF) da Alemanha em jornais dos Estados-Membros da UE. A Suécia foi o primeiro país a adotar uma PEF em 2014. Desde então, outros países adotaram essa política, incluindo a Alemanha, em 2021. Entretanto, a Suécia abandonou a sua política externa centrada nos valores feministas. Consideramos a Alemanha um empreendedor de normas que pretende difundir os valores da PEF a outros países, utilizando a UE e outras organizações como plataformas para a sua promoção. Argumentamos que, uma vez que as normas não surgem no vácuo, as novas normas têm de ser entendidas como salientes, legítimas e coerentes para terem uma hipótese de serem aceites. Os media podem ter um papel relevante na construção de imagens externas das políticas externas. Ao definir uma agenda, os meios de comunicação social decidem quais assuntos são relevantes e, através do “enquadramento”, podem posicionar o assunto de forma favorável ou negativa, influenciando os leitores. Este estudo utiliza a análise temática como método para a investigação de 59 artigos de jornais de qualidade de 11 Estados-Membros da UE. Os resultados mostram que a PEF da Alemanha enfrenta desafios no que respeita à sua saliência nos jornais. O número de jornais que enquadraram a PEF como incoerente ou ilegítima é insignificante. Por conseguinte, de um modo geral, estes aspectos não constituem um desafio substancial para esta política. No entanto, os jornais que mais enquadraram a PEF como ilegítima são de países em que o feminismo é contestado.

This dissertation examines the portrayal of Germany’s Feminist Foreign Policy (FFP) in EU Member States’ newspapers. Sweden was the first country to adopt an FFP in 2014. Since then, at least ten countries adopted such a policy, including Germany, in 2021. In the meantime, Sweden abandoned its foreign policy centred on feminist values. We, thus, consider Germany as a norm entrepreneur aiming to diffuse the values of the FFP to other countries by using the EU and other organisations as a platform for its promotion. We argue that as norms do not emerge in a vacuum, new norms must be seen at least as salient, legitimate, and coherent to have a chance of being accepted. Media can have a relevant role in constructing external images of foreign policies. By setting an agenda, the media decides which issues readers should discuss and think of and through “framing”, media can position the issue favourably or negatively, influencing readers. This study utilises reflexive thematic analysis as a method for the analysis of 59 articles from quality newspapers from 11 EU member states. The results show that Germany’s FFP faces challenges regarding its salience in newspapers. The number of newspapers that framed the FFP as incoherent or illegitimate is insignificant. Therefore, overall, these aspects do not pose a substantial challenge to that policy. Nonetheless, the newspapers which mainly framed the FFP as illegitimate are from countries in which feminism is contested.