O presente estudo propôs-se a compreender a perceção de escolha de crianças entre os 9 e os 11 anos, relativamente à sua utilização de serviços de video-streaming on demand. A popularidade crescente deste tipo de serviços em gerações mais novas, cruzado com as mudanças experienciadas por crianças destas idades, e com as narrativas mediáticas enquadradas pelos media portugueses, revelam uma necessidade de compreensão sobre o que as crianças compreendem desta temática. Nesse sentido, foi analisada a forma como é feita a escolha destes serviços partindo do conceito de Capital Cultural de Bourdieu (1984), e a sua consequente adaptação de Krolo et al. (2020) ao nosso estudo de caso. Foram analisadas 12 crianças de diferentes zonas e contextos sociais do país, através de grupos focais e entrevistas individuais. Foram consideradas as três vertentes de Capital Cultural: objetificado, “embodied” e institucional. Considerando ainda, a teoria da raridade e banalidade adaptado por Krolo et al. (2020). Os resultado obtidos, demonstram que a exposição a diferentes tipos de conteúdos é um fator de distinção entre as crianças de diferentes capitais culturais. As suas perceções e usos audiovisuais estão fortemente afetados pelo seu capital cultural. As crianças com maior capital cultural mostram uma maior consciencialização das suas preferência assim como maior inclinação por conteúdos mais variados do que as crianças com menor capital cultural.

In this research, we examine the perception of choice of children between the ages of 9 and 11 regarding their use of video-streaming on demand services. The growing popularity of this type of service among younger generations, combined with the changes experienced by children of this age, and the media narratives framed by the Portuguese media, reveal a need to understand what children understand about this subject. To this end, we analyzed how children choose these services, based on Bourdieu's concept of Cultural Capital (1984) and the consequent adaptation of Krolo et al. (2020) to our case study. Twelve children from different areas and social contexts of Portugal were analyzed through focus groups and individual interviews. The three aspects of objectified, embodied and institutional Cultural Capital were considered. We also considered the theory of rarity and banality adapted by Krolo et al. (2020). The results showed that exposure to different types of content was a distinguishing factor between children of different cultural capitals. Their perceptions and uses were strongly affected by their cultural capital. Children with higher cultural capital showed greater awareness of their preferences. As well as a greater preference for a bigger range of content than children with lower cultural capital.