Introdução: O SNS enfrenta desafios significativos, especialmente na acessibilidade aos cuidados de saúde primários, devido à escassez de médicos de família, o que resulta numa enorme sobrecarga hospitalar e em longos tempos de espera. Este estudo procura compreender as perceções dos peritos em saúde sobre a implementação das Unidades de Saúde Familiares modelo C, como estratégia para melhorar a acessibilidade aos cuidados de saúde primários em Portugal, visando fornecer insights que orientem políticas e práticas mais eficazes e promissoras para o sistema de saúde. Metodologia: Foi adotada uma abordagem qualitativa exploratória-descritiva. A amostra não probabilística intencional, engloba quinze peritos em saúde com maturidade profissional na área do estudo (gestão, política, economia, saúde). Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e, para o tratamento dos dados recolhidos, procedeu-se a uma análise de conteúdo. Resultados: As perspetivas sobre a implementação destas unidades são diversas. A melhoria do acesso, a autonomia profissional, a inovação do sistema e a atração profissional, são parte dos benefícios assinalados, que contrastam com os desafios, como a possibilidade de privatização, o foco no lucro e as considerações ideológicas. A priorização dos utentes, os modelos flexíveis de atendimento e a desburocratização constituem estratégias sugeridas para promover a acessibilidade. Conclusões: Segundo os peritos, a implementação destas unidades constitui uma estratégia promissora para melhorar o acesso aos cuidados de saúde primários. Contudo, é crucial adotar medidas de gestão e supervisão cautelosas para assegurar o seu sucesso e eficácia.

Introduction: The SNS faces significant challenges, especially in accessibility to primary healthcare, due to the shortage of family doctors, which results in a huge hospital overload and long waiting times. This study seeks to understand health experts' perceptions of the implementation of model C Family Health Units as a strategy to improve accessibility to primary health care in Portugal, with the aim of providing insights to guide more effective and promising policies and practices for the health system. Methodology: An exploratory-descriptive qualitative approach was adopted. The intentional non-probabilistic sample comprised fifteen health experts with professional maturity in the field of study (management, politics, economics, health). Semi-structured interviews were conducted, and content analysis was used to process the data collected. Results: The perspectives on the implementation of these units are diverse. Improved access, professional autonomy, system innovation and professional attraction are among the benefits highlighted, which contrast with challenges such as the possibility of privatization, the focus on profit and ideological considerations. Prioritizing users, flexible service models and reducing bureaucracy are strategies suggested to promote accessibility. Conclusions: According to the experts, the implementation of these units is a promising strategy for improving access to primary health care. However, it is crucial to adopt careful management and supervision measures to ensure their success and effectiveness.