Título
Staff care em ONG: A perceção dos profissionais humanitários
Autor
Dias, Sofia Mano Clemente Santos
Resumo
pt
O setor humanitário caracteriza-se por contextos instáveis e complexos que expõem os profissionais humanitários a constantes exigências físicas e psicológicas, tais como exposição direta ao sofrimento, recursos limitados e condições de segurança precárias (Antares Foundation, 2012). Consequentemente, as organizações humanitárias têm o dever moral de cuidado para com os seus trabalhadores (ALNAP, 2022; "Sphere Association", 2018), promovendo medidas organizacionais de "Staff Care" que mitiguem os efeitos prejudiciais na Saúde Mental dos seus trabalhadores (Glomazić, 2013; Young et al., 2022). Quando bem aplicada, uma política estruturada de "Staff Care" pode ajudar a reduzir o "burnout" e "turnover" nesta profissão e aumentar a qualidade do serviço prestados às populações mais vulneráveis (Dubey, 2015; Solanki, 2015). Recorrendo a uma abordagem exploratória, este estudo pretende identificar as medidas de "Staff Care" existentes nas ONG humanitárias, focando-se na perceção dos profissionais humanitários sobre as mesmas. Através de um inquérito por questionário (n=36) e entrevistas semiestruturadas (n=8), os resultados indicam que é necessário estabelecer uma abordagem de "Staff Care" mais sistemática, coerente e integrada, considerando os fatores contextuais (exigência psicológica, pressão) e organizacionais (cultura de trabalho e políticas de gestão), bem como as necessidades individuais de cada trabalhador (sentimento de pertença e equidade, "work-life" balance e apoio psicossocial). Também a presença histórica do colonialismo e "White Saviourism" (Houldey, 2022; Lester & Dussart, 2014) salientam a importância de aumentar o financiamento para o "Staff Care" e promover uma cultura organizacional positiva com feedback transparente e condições de trabalho justas entre posições hierárquicas e profissionais nacionais e internacionais.
en
The humanitarian sector is characterized by unstable and complex contexts that expose humanitarian workers to constant physical and psychological demands, such as direct exposure to suffering, limited resources, and precarious security conditions (Antares Foundation, 2012).
Consequently, humanitarian organisations have a moral Duty of Care for their staff (ALNAP, 2022; Sphere Association, 2018), promoting organisational measures of Staff Care to mitigate the adverse effects on their Mental Health (Glomazić, 2013; Young et al., 2022). When properly implemented, a structured Staff Care policy can help reduce burnout and turnover in this profession and improve the quality of services provided to the most vulnerable populations
(Dubey, 2015; Solanki, 2015). This exploratory study aims to identify existing Staff Care measures in humanitarian NGO, focusing on the aid worker’s perceptions about them. Through a questionnaire survey (n=36) and semi-structured interviews (n=8), the results indicate the need for a more systematic, coherent, and integrated Staff Care approach, considering contextual (psychological demands, pressure) and organisational factors (work culture and
management policies), as well as the individual needs of each employee (sense of belonging and equity, work-life balance, and psychosocial support). Additionally, the historical presence of colonialism and White Saviourism (Houldey, 2022; Lester & Dussart, 2014) highlights the importance of increasing funding for Staff Care and promoting a positive organisational culture with transparent feedback and fair working conditions across hierarchical positions and
between national and international staff.