Com o agravamento da crise climática, temos assistido a um aumento das ações de desobediência civil por grupos ativistas pela justiça climática. Reconhecendo o papel crucial da comunicação social na formação da perceção pública sobre a crise climática e as formas de combatê-la, estes grupos procuram, através dos seus protestos, estabelecer novas narrativas e expandir os horizontes de ação. A presente dissertação visa responder à pergunta de como tem sido transmitida pelos media mainstream nos últimos dois anos a mensagem dos coletivos que em Portugal lutam pela justiça climática através de ações de desobediência civil. Foi realizada uma análise de frames na cobertura dos jornais online Público, Expresso, Observador e Correio da Manhã sobre quatro ações de desobediência civil dos coletivos “Greve Climática Estudantil Lisboa” e “Climáximo” entre 2022 e 2023. Compararam-se as diferenças entre a comunicação dos ativistas e a cobertura mediática dos protestos, tendo em conta cinco fatores de análisee identificando-se sete frames predominantes. As conclusões mostram que os frames nas notícias dos jornais online frequentemente dificultam a transmissão da mensagem dos ativistas e que a representação dos protestos nos media tem-se tornado mais negativa comparando com o período de 2019-2020, especialmente no Observador e no CM, que apresentam mais frames distantes da comunicação dos ativistas, em comparação com o Público e o Expresso. Das ações analisadas, as que mais desafiam normas sociais, confrontam figuras de poder e/ou envolvem repressão policial são mais mediáticas, mas enfrentam maiores dificuldades em transmitir a sua mensagem política.

In recent years, with the heightening of the climate crisis, we have seen an increase in civil disobedience actions by activist groups for climate justice. Recognizing the crucial role of the media in shaping public perception of the climate crisis and ways to fight it, these groups seek, through its protests, to establish new narratives and expand the horizons of action. This dissertation aims to answer the question of how the message of Portuguese climate justice movements resorting to civil disobedience protests has been conveyed by the mainstream media over the last two years. A frame analysis was carried out on the online news coverage of Público, Expresso, Observador and Correio da Manhã about four civil disobedience actions by the “Fridays For Future Lisbon” and “Climáximo” collectives between 2022 and 2023. The differences between the activists' communication and the media coverage of the protests were compared, considering the differences in five factors of analysis, and seven predominant frames were identified. The conclusions show that the frames in online newspaper news often hinder the transmission of the activists' message and that the representation of the protests in the media has become more negative compared to the 2019-2020 period, especially in Observador and CM, which present more mismatching frames with the activists' communication, compared to Público and Expresso. Of the actions analyzed, the ones that challenge social norms, confront power figures and/or involve police repression receive more media coverage, but face greater difficulties in conveying their political message.