Teses e dissertações

Mestrado
Gestão de Novos Media
Título

Misoginia no Instagram: O caso das caixas de comentários dos jornais nacionais Portugueses

Autor
Pereira, Margarida Gaspar
Resumo
pt
O discurso misógino online tem vindo a ganhar destaque num contexto em que as redes sociais desempenham um papel central na comunicação e na formação de opinião pública. Plataformas como o Instagram, que permitem interações instantâneas e em grande escala, tornaram-se espaços onde discursos de ódio, especialmente dirigidos às mulheres, são amplificados e disseminados. A misoginia online não só reflete as desigualdades e preconceitos presentes na sociedade, mas também os intensifica, permitindo que discursos violentos e discriminatórios alcancem um público mais vasto e com maior velocidade. Esse fenómeno é particularmente preocupante quando inserido em debates sobre o assédio sexual, nomeadamente no ambiente académico, onde estruturas de poder, hierarquia e desigualdade de género se cruzam para perpetuar o silêncio e a impunidade. Em Portugal, o assédio nas universidades tem sido tema de discussões recentes e polémicas, com denúncias de má conduta sexual a expor uma cultura de abuso que frequentemente se sustentava à sombra. Movimentos como o #MeToo catalisaram o debate sobre estas questões, permitindo que as vítimas ganhassem visibilidade e encontrassem plataformas para denunciar abusos. No entanto, mesmo com esse progresso, as vítimas e aqueles que as apoiam enfrentam uma retaliação sob a forma de discurso misógino, reforçando a resistência cultural às mudanças nas questões de género. Nesse contexto, é fulcral compreender como os meios de comunicação e as plataformas digitais, como o Instagram, influenciam a reprodução e perpetuação desses discursos de ódio. A presente dissertação investiga o discurso misógino presente nos comentários feitos no Instagram de dois jornais portugueses, Público e Expresso, em publicações relacionadas com o assédio na academia e as acusações a Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins. O estudo explora como as diferentes narrativas visuais e textuais escolhidas para retratar as notícias influenciam a natureza e a intensidade das interações dos utilizadores. Os resultados indicam que o Público recebeu mais comentários críticos aos acusados e de apoio às vítimas, enquanto o Expresso registou uma maior proporção de comentários misóginos e críticas ao Governo e à Sociedade. Apesar da crescente visibilidade de temas como o assédio e do impacto do movimento #MeToo, a misoginia continua a ter uma presença significativa nos discursos públicos digitais. A dissertação sublinha o papel dos meios de comunicação na moldagem das conversas sobre questões de género e assédio, contribuindo para uma melhor compreensão do impacto das redes sociais na perpetuação de discursos de ódio.
en
Online misogynist discourse has been gaining prominence in a context where social media plays a central role in communication and shaping public opinion. Platforms such as Instagram, which allow instant and large-scale interactions, have become spaces where hate speech, especially directed at women, is amplified and disseminated. Online misogyny not only reflects the inequalities and prejudices present in society, but also intensifies them, allowing violent and discriminatory discourses to reach a wider audience with greater speed. This phenomenon is particularly worrying when inserted into debates about sexual harassment, particularly in the academic environment, where power structures, hierarchy and gender inequality intersect to perpetuate silence and impunity. In Portugal, harassment in universities has been the subject of recent controversial discussions, with allegations of sexual misconduct exposing a culture of abuse that was often sustained in the shadows. Movements such as #MeToo have catalyzed the debate on these issues, allowing victims to gain visibility and find platforms to report abuse. However, even with this progress, victims and those who support them face retaliation in the form of misogynistic discourse, reinforcing cultural resistance to change on gender issues. In this context, it is crucial to understand how the media and digital platforms such as Instagram influence the reproduction and perpetuation of hate speech. This dissertation investigates the misogynistic discourse present in the Instagram comments of two Portuguese newspapers, Público and Expresso, in publications related to harassment in academia and the accusations against Boaventura de Sousa Santos and Bruno Sena Martins. The study explores how the different visual and textual narratives chosen to portray the news influence the nature and intensity of user interactions. The results indicate that Público received more comments critical of the accused and supportive of the victims, while Expresso registered a higher proportion of misogynistic comments and criticisms of the government and society. Despite the growing visibility of issues such as harassment and the impact of the #MeToo movement, misogyny continues to have significant presence in digital public discourse. The dissertation highlights the role of the media in shaping conversations about gender issues and harassment, contributing to a better understanding of the impact of social media in perpetuating hate speech.

Data

18-mar-2025

Palavras-chave

Público
Instagram
Media sociais -- Social media
Digital journalism
Jornalismo digital
Misoginia
Assédio na academia
Expresso
Misogyny
Harassment in academia

Acesso

Acesso livre

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