Título
Paisagens trocadas: Postais, memórias e olhares sobre a lezíria do Tejo
Autor
Robalo, Carlos António Simões Rodrigues
Resumo
pt
Com o ocaso do mundo rural, as paisagens readquirem uma notável expressão
no enquadramento da memória e na construção do imaginário de uma
sociedade que redesenha a sua imagem e se projecta no tempo, passado e
futuro, e é obrigada a interrogar o seu presente.
Na demanda das representações da paisagem do Vale do Tejo, elegeram-se os
bilhetes-postais ilustrados como fonte primordial de pesquisa. Para os
encontrar, foi necessário um longo e perseverante percurso, identificando
coleccionadores locais e conseguindo o consentimento para perscrutar as suas
colecções, o que veio a revelar novas perspectivas de investigação,
multiplicando as possibilidades de olhar o local e os objectos procurados.
Desafiando-nos a examinar as perspectivas sobre o lugar, no passado e no
presente, os postais são o eixo de uma pesquisa onde se projectam as
modulações do olhar: do olhar das pessoas sobre o seu espaço e sobre si
mesmas, sobre a forma como pretendem ser olhadas pelos outros, como vêem
os outros e como são vistas por eles. Desta forma se intentou elaborar um
contributo para a identificação de processos que determinam a construção de
um local, a delimitação de um território, o reconhecimento de uma paisagem
e, consequentemente, a produção de um sentido de pertença, onde se discorre
e representa uma identidade situada.
en
With the fall of the rural world, landscapes regain a remarkable expression in
the framing of the memory and in the construction of the imaginary of a society
that redesigns its image and projects itself in time, past and future, and is forced
to question its present.
In the demand of the Tagus Valley landscape representations, picture postcards
were elected as primordial research source. To find them required a long and
persisting course, identifying local collectors and getting their assent to study
their collections, what has revealed new perspectives of inquiry, multiplying the
odds of looking the site and its sought objects.
Defying us to examine the perspectives on the place, both in past and present,
postcards are the axis of a research where we outlook the modulations of the
gaze: the people’s gaze on their space and about themselves, on how they
intend to be looked at by the others, how they see the others and how they are
seen by them. This way, it was intended to contribute to the identification of
processes that determine the construction of a place, the delimitation of a
territory, the recognition of a landscape, and hence, the production of a sense
of belonging, where a situated identity is discoursed and represented.