Publicado pela primeira vez em Maio de 1983, o DN Jovem (DNJ) foi, por mais de 20 anos, berço de jornalistas, escritores, fotógrafos e ilustradores. O suplemento do Diário de Notícias (DN) sofreu, contudo, um duro revés em Junho de 1996, com a migração para uma Internet então inacessível à generalidade dos portugueses. A sua última edição neste suporte foi em Março de 2007, quando faltava cerca de um ano para celebrar um quarto de século. A nossa investigação procurou enquadrar e compreender uma transição que consideramos prematura e fê-lo no plano externo ao DN, à luz da dicotomia papel versus digital, e no plano interno, averiguando que leitura do DNJ era feita pela Administração/ Direcção e pelo departamento comercial do jornal que o publicava. Estudámos igualmente as implicações e consequências da transição, quer no imediato (pós-1996) – adaptação das criações artísticas ao online, preocupação com os direitos de autor no novo meio, infoexclusão, visibilidade dos trabalhos –, quer no longo prazo: abordando a frustração dos coordenadores com o rumo do DNJ, o desinvestimento progressivo do DN no suplemento e o consequente declínio daquele espaço. Terminamos o presente trabalho tentando vislumbrar a ressurreição do DNJ ou do espírito que lhe estava subjacente. Para concretizar os objectivos descritos, procedemos a uma análise dos conteúdos publicados pelo DNJ em quatro períodos distintos e ao exame de cerca de 20 entrevistas semiestruturadas a colaboradores e coordenadores do DNJ e a membros da Direcção do DN, metodologia que nos permitiu ainda perceber a importância do suplemento enquanto veículo artístico, espaço de livre expressão e montra semanal de criatividade juvenil.

Published for the first time in May 1983, DN Jovem (DNJ) was, for more than 20 years, a cradle of journalists, writers, photographers and illustrators. This supplement of Diário de Notícias (DN) suffered a severe setback in June 1996, because of its transition to the Internet, then inaccessible to most Portuguese. In March 2007 it had its last edition on this media, about a year before celebrating a quarter of a century. Our investigation tries to frame and understand a transition that we consider premature and it does so both externally to DN, focusing on the paper versus digital dichotomy, and internally, examining how DNJ was seen from the Administration/Direction’s and from the newspaper’s commercial department’s point of view. We also studied the implications and consequences of the transition, on the short term (post-1996) – the need to adapt creations to the online environment, copyright concerns, digital divide, visibility – and on the long term: the frustration of the co-ordinators with DNJ’s course, DN’s gradual disinvestment in the supplement and its consequent decline. We end the present work trying to foresee the potential resurrection of DNJ or of its philosophy. To fulfil the described goals, we did an analysis of the contents published by DNJ in four different periods and examined about 20 semi-structured interviews with collaborators and co-ordinators of DNJ and members of DN’s Direction, a method that also allowed us to understand the importance of the supplement as an artistic vehicle, free expression space and weekly showcase of youth creativity.