Título
Serviço médico na periferia. (1975-1982). Portugal: Desenvolvimento através da prestação de cuidados de saúde?
Autor
Cerqueira, Marta Sofia Marques
Resumo
pt
O presente trabalho incide sobre um período específico da história portuguesa que começa
com o fim da ditadura, em 1974. O ano de 1975, época em que intelectuais, políticos,
militares, imigrantes, e no geral, os portugueses inspirados pela possibilidade do
estabelecimento de liberdades, até então adormecidas, unem-se com o propósito de construir a
democracia. Portugal era um país cheio de esperanças. As letras das músicas de então revelam
“o estado de graça” no qual o país se encontrava, entre elas umaa que gritava: “Só há
liberdade a sério quando houver, a paz, o pão, habitação, saúde, educação, só há liberdade a
sério quando houver liberdade de mudar e decidir, quando pertencer ao povo o que o povo
produzir”.
Este foi um tempo de oportunidades. Algumas destas oportunidades merecem ser contadas e
relembradas, e entre elas o Serviço Médico na Periferia, sobre o qual este trabalho irá incidir.
Este Serviço consistiu na acção de dotar a periferia do território nacional, de cuidados
médicos, através da prestação obrigatória, durante um ano de serviço médico, fora das
grandes urbes, a todos aqueles que acabavam o curso de medicina e o estágio
profissionalizante de dois anos a seguir ao curso. O serviço foi criado em 1975 e extinto em
1982. Deste tempo pouco ou nada “reza a história escrita”. Porém este trabalho pretende
recolher os testemunhos orais de alguns dos seus intervenientes. Em simultâneo, pretende-se
também analisar as transformações sociais, culturais e económicas que resultaram desta
experiência. O caminho que foi criado e percorrido parece ter contribuído para o
desenvolvimento dos locais, para a consciencialização dos direitos de liberdade, de bem-estar,
e entre outros do direito aos cuidados de saúde.
Por esta visão que parece quase perfeita, pela necessidade de procurar boas práticas, e de
continuar a acreditar, nasceu este trabalho que pretende: 1) dar voz a uma história que corre o
risco de ficar esquecida, a experiência do Serviço Médico na Periferia que decorreu em
Portugal entre 1975 e 1982; 2) recolher algumas histórias de vida parciais de alguns dos
intervenientes desta experiência, enquanto têm memória desses dias; 3) apurar se se tratou de
uma experiência de desenvolvimento local, e quais os resultados produzidos nos locais e nos
seus actores; e 4) se destes podemos retirar ensinamentos para o futuro.
en
The following study focuses on a specific period of Portuguese history that begins with the
end of dictatorship in 1974. The year 1975, season in which intellectuals, politicians, soldiers,
immigrants, and in general, the Portuguese, were inspired by the possibility of establishing
freedoms together with the purpose of building a democracy. Portugal was a country full of
hope and opportunities.
This environment resulted in experiences that should be told and remembered, and one of
these cases was the Medical Service in the Periphery, on which this work will focus. This
service was the action of providing medical care outside the major cities, by those who
finished the course in medicine. The service was created in 1975 and ended in 1982.
This thesis will try to verify the social changes, cultural and economic results of that
experiment. The path that was created and traveled seems to have contributed to the
development of the local for the awareness of the rights of freedom, welfare and, among
others, the right to have health care.
The present work wants: 1) to give voice to a story that is in danger of being forgotten, the
experience of medical service in the periphery that held in Portugal between 1975 and 1982,
2) collect a few life stories of some of the players part of this experience; 3) to confirm if it
was an experience of local development and what the results produced in local and their
players, and 4) if there’s any lessons that we can take for the future.