Título
Prematuridade, um começo diferente?: Uma amostra com mães primíparas e multíparas
Autor
Franco, Carla Alexandra Santos de Jesus
Resumo
pt
A relação diádica mãe-bebé é fulcral para um bom desenvolvimento deste. Porém,
poderá ser dificultada em casos de prematuridade. A literatura tem referido que o nascimento
prematuro gera nas mães maiores níveis de ansiedade e sentimentos depressivos e, ainda, uma
auto-estima mais baixa, quando comparadas com mães de bebés a termo. A presença destes
sentimentos poderá gerar um envolvimento emocional mais negativo, bem como um pior
vínculo com o recém-nascido.
O presente estudo pretende complementar estas pesquisas ao ter como objectivo
principal averiguar quais os efeitos da paridade (mães primíparas vs multíparas) e idade do
bebé (0-2; 3-15; 16-30 dias) no estabelecimento da relação mãe-bebé prematuro (bonding), no
estado psico-emocional (ansiedade, sentimentos depressivos, preocupação) e na auto-estima
maternas. Complementarmente pretende-se, ainda, comparar o bonding e o estado psico-
emocional em mães de bebés pré-termo e de termo.
Para a concretização destes objectivos, e adoptando uma metodologia quantitativa, foi
conduzido um estudo com 29 mães primíparas e 21 mães multíparas, ambas com bebés pré-
termo (n = 50), na Maternidade Dr. Alfredo da Costa.
Em geral, foram encontradas apenas diferenças estatísticas significativas nos
sentimentos depressivos em função da paridade, sendo que são as mães multíparas as quem
expressam mais estes sentimentos. Quando comparadas com mães de termo, verifica-se que
as mães pré-termo possuem alterações psico-emocionais significativas no que respeita à
ansiedade.
No que diz respeito ao papel da idade do bebé, verificámos apenas um efeito desta
variável no bonding e em particular no Bonding Not Clear: são as mães de bebés mais velhos
(16-30 dias), que expressam menos emoções não relacionadas com a ligação mãe-bebé (i.e.,
estar receosa), o que poderá indicar que à medida que os dias passam as emoções das mães
que se prendem com preocupações subjacentes à própria condição de prematuridade dos seus
filhos vão diminuindo.
en
The dyadic mother-baby relationship is central to a successful development of the
baby. However, such process could be compromised in cases of prematurity. The literature
has been reporting that premature birth may cause in mothers high levels of anxiety and
depressive feelings, and also a decrease in self-esteem, when compared with mothers of full
term babies. The presence of these feelings may generate a negative emotional involvement
and a poor bond with the newborn.
The present study aims to complement previous studies as it is intended to analyze the
effect of parity (primiparous vs multiparous mothers) and child's age (0-2; 3-15; 16-30 days)
in the establishment of mothers’ emotions towards their newborn (bonding), in their psycho-
emotional state (anxiety, depressive feelings, and concern) and maternal self-esteem. In
addition, we also intend to compare bonding and psycho-emotional state in mothers of
preterm and term newborns.
To achieve these goals, and adopting a quantitative methodology, a study was
conducted with 29 first-time mothers and 21 multiparous mothers, both with preterm babies
(n = 50), in the Dr. Alfredo da Costa Maternity.
In general, it was found that parity has an effect on depressive feelings only for
multiparous mothers, as they express significantly more such feelings. Regarding the role of
baby's age, it was only found that this variable has a significant effect of Bonding Not clear:
mothers of older newborn babies (16-30 days) expressed less emotions not related to the
relation mother-infant (ie, being afraid), which may indicate that as the days go by, concerns
about survival of their preterm babies decrease. Finally, when compared to mothers of full
term babies, mothers of premature babies showed higher levels of anxiety, and greater levels
of negative as well as not clear bonding.