Teses e dissertações

Mestrado
Psicologia Social e das Organizações
Título

Os portugueses e o acolhimento de refugiados: privação relativa e hostilidade intergrupal

Autor
Neves, Maria Teresa de Jesus
Resumo
pt
A privação relativa grupal tem sido estudada como preditora de atitudes intergrupais negativas e ainda da adesão a protestos e políticas nacionalistas e anti-imigração. Neste trabalho procurámos analisar a relação entre privação relativa grupal dos portugueses e as suas atitudes face aos refugiados. Concretamente, e alargando a literatura existente sobre os efeitos negativos da privação relativa, explorámos novos mecanismos (i.e., crenças de impacto negativo, desumanização, e angústia coletiva) através dos quais a privação relativa grupal está associada a relações intergrupais negativas. Através da aplicação de um questionário a cidadãos portugueses (N=363) verificou-se, tal como esperado, que os portugueses que se sentiam privados face a outros cidadãos europeus apresentavam atitudes mais negativas face a refugiados (e.g., racismo moderno, distância social, e apoio a politicas restritivas de acolhimento). Especificamente, níveis elevados de privação grupal estiveram associados a uma maior adesão a crenças de impacto negativo dos refugiados e à desumanização (i.e., negação da natureza humana), que por sua vez se associaram a um maior desejo de distância social face aos refugiados, maior racismo moderno e apoio a políticas que restringem o seu acesso a benefícios sociais. Estes resultados alargam a investigação existente, em particular ao demonstrarem que perceção de privação face a um exogrupo pode ter um efeito generalizado nas relações intergrupais, originando atitudes negativas face a outro grupo que não está diretamente relacionado com o sentimento de privação. Contrariamente ao esperado, esta relação não foi particularmente forte para os indivíduos que se identificam narcisicamente com Portugal.
en
Relative group deprivation has been studied as a predictor of negative intergroup attitudes, as well as, of supporting nationalist and anti-immigration protests and policies. The current work examines the relation between relative group deprivation of Portuguese and their attitudes toward refugees. Specifically, extending the existent literature on the negative effects of relative deprivation, we explored new underlying mechanisms (i.e., negative impact beliefs, dehumanization, and collective angst) through which relative group deprivation is associated with negative intergroup attitudes. Participants (N = 363) completed a survey. Results showed that, as expected, Portuguese who felt deprived relative to other European citizens revealed more negative attitudes toward refugees (i.e., modern racism, social distance, and support for restrictive hosting policies). Specifically, higher levels of group deprivation were associated with higher endorsement of beliefs about the negative impact of refugees and higher dehumanization (i.e., denial of human nature), which were then associated to a higher desire of social distance toward refugees, higher modern racism, and support for policies that constrain their access to social benefits. These results extend the existent research, namely by demonstrating that feeling deprived relative to an outgroup can have an extend impact on intergroup relations, triggering negative attitudes towards a different outgroup that is not directly related to the deprivation source. Contrary to the expected, this relation was not particularly stronger for individuals high on collective narcissism.

Data

20-mar-2017

Palavras-chave

Refugiado
Atitude
Relações intergrupais
Narcisismo
Relative group deprivation,
Intergroup attitudes
Dehumanization
Impact beliefs
Collective narcissism

Acesso

Acesso livre

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