Título
A lágrima na face de uma criança: reconhecimento emocional e suporte afetivo em adultos
Autor
Neves, Patrícia Maria Monteiro
Resumo
pt
Este estudo examinou o efeito das lágrimas emocionais de faces de crianças no
reconhecimento emocional e nas respostas afetivas por parte de adultos. Os
participantes (N=166; 66 homens; 100 mulheres), entre 18-50 anos, foram distribuídos
aleatoriamente por uma de duas condições de visualização de faces de crianças: um
grupo visualizou expressões faciais com a presença de lágrimas (n=81) e o segundo
grupo sem lágrimas (n=85). Cada grupo foi exposto a 10 crianças (4-6 anos), metade de
cada sexo, com três expressões (tristeza, raiva, neutra), total de 30 fotografias,
apresentadas de forma aleatória. As faces foram pré-selecionadas com base nas elevadas
taxas de acerto nas emoções e ainda num pré-teste, por uma amostra independente
Portuguesa, que permitiu selecionar faces prototípicas Portuguesas. No estudo principal,
após a visualização de cada face, foram avaliados os acertos, o tempo de
reconhecimento e a intensidade emocional, a disposição para fornecer suporte afetivo, e
a probabilidade de perdoar e repreender a criança num cenário em que esta estragaria
algo de valor ao participante. Verificou-se que a raiva foi avaliada com maior
intensidade emocional e a que teve mais acertos, seguida pela tristeza. Houve menos
acertos na neutra, principalmente na presença de lágrimas. Os homens demoraram mais
tempo a reconhecer as emoções das crianças do que as mulheres, mas principalmente na
presença de lágrima. Quanto às respostas afetivas, os participantes referiram que dariam
maior suporte emocional a crianças com expressão triste e menor às que expressavam
raiva; e perdoariam menos e repreenderiam mais as crianças com expressões de raiva. A
preocupação empática moderou o suporte emocional e o perdão. Estes resultados
sugerem a importância de sinais emocionais das expressões faciais de crianças nas
respostas afetivas de adultos.
en
This study examined the effect that emotional tears of children facial expressions
has on the emotional recognition and the affective behavior of adults. The participants
(N=166; 66 men; 100 women), between the ages of 18-50, were randomly distributed
by one of two conditions of children's faces: one group visualized faces with the
presence of tears (n =81) and the second group without tears (n =85). Each group was
exposed to 10 faces (children 4-6 years old), half of each sex, with tree expressions
randomly exhibited: sadness, anger and neutral. The faces were preselected based on the
high levels of emotional accuracy of the original set and by a pre-test of an independent
Portuguese sample that enabled the selection of prototypical Portuguese faces.
On the main study, after the visualization of each face, the adjustments were
evaluated: the acknowledgement timing and the emotional intensity, the willingness to
give emotional support and the likelihood of forgive or punish a child if he/she would
break a participant's valuable belonging. It was verified that anger was evaluated with
higher emotional intensity and also the one with more accuracy identification, followed
by sadness. There were less accuracy on neutral expressions, primarily on the presence
of tears. Men took more time recognizing children emotions than women did, but
mainly in the presence of tears. In regards to affective responses, the participants
referred that they would give more emotional support to children with a sad expression
and less support to the ones expressing anger; they would forgive less and reprehend
more children expressing anger. These results suggest that children’s faces with
emotional tears are significant to the adults emotional responses.