Título
O futuro a quem pertence?: Abordagens ao futuro e às mudanças climáticas
Autor
Carvalho, Maria Manuela Madureira de
Resumo
pt
Trata-se de uma tese de natureza claramente exploratória que aborda uma problemática ainda recente em termos de investigação sociológica. O objetivo principal desta investigação é observar a relação das pessoas com o futuro através dos seus valores, representações sociais e práticas e de acordo com a sua posição social.
Apesar da convicção que o homem pode controlar a natureza e a sua própria vida, o desenvolvimento da ação racional que rege o futuro coletivo foi mínima durante um logo período de tempo. Instituições e movimentos ecológicos assim como algumas iniciativas em defesa do ambiente e da sustentabilidade têm contribuido para mudar este quadro. No entanto, essas tendências continuam frágeis, sem conexão com a população em geral - afinal, a condição necessária para a sua manutenção. Será então legitímo interrogarmo-nos: as pessoas estão preocupadas e empenham-se em controlar o seu futuro e o futuro coletivo? Que fatores explicam o modo de relacionamento das pessoas com o futuro? Quais as posições sociais e disposições que contribuem para uma orientação mais forte para o futuro? Estas questões foram introduzidas na sociologia por autores como Wendell Bell, Pierre Bourdieu, Anthony Giddens e Barbara Adam. Em geral sustentam que a relação que as pessoas estabelecem com o futuro depende de características sociais e reflete-se no seu comportamento e na estrutura social.
Para testar empiricamente estes pressupostos, aplicou-se um questionário a uma amostra representativa da população da cidade de Lisboa. Através desse questionário recolheu-se informação sobre práticas de planeamento, de poupança e de consumo sustentável e sobre as preocupações com o futuro da vida na terra, com as mudanças climáticas e com as futuras gerações.
A apreciação dos resultados do questionário permitiu concluir que existem disposições diferenciadas relativamente ao tempo e ao futuro e que estas dependem diretamente das orientações sociais e da reflexividade e indiretamente da idade e da escolaridade destacando-se esta última como uma variável determinante na valorização do problema das mudanças climáticas.
en
This is an exploratory research. This thesis endorses a recent problematic in terms of sociological research. The main objetive of this research is to observe the relationship between people and the future based on their values, social representations and practices, according to their social position.
Despite the spread of the belief that man can control nature and its own life, and the development of rational action, governing collective future was minimal for a long time but ecological movements and institutions, as well as some initiatives in environmental protection and sustainability changed this picture. Nevertheless, these trends remain fragile, lacking connection to the population in general – after all, the condition for its maintenance. Then it is relevant to ask: are people worried and working to control their collective future? Which factors explain differents relations with the future among persons? Which social positions and dispositions display a stronger orientation to the future?
These questions were introduced in sociology by authors like Wendell Bell, Pierre Bourdieu, Anthony Giddens and Barbara Adam. In general, they sustain that the cultural relation people develop with the future is connected with their social characteristics, reflecting on their behavior, and consequently on social structure.
To empirically confirm these assumptions, we applied a survey to a representative sample of Lisbon population.Through this survey we collected data concerning practices of future planning, savings, ecologically guided consumption and also about personal concern on the future of life on earth and climate change, and attitudes towards the next generations.
The assessment of the survey results allowed us to conclude that there are different dispositions concerning time and future issues depending directly from social guidelines and social reflexivity, and indirectly on age and school degree. School degree is also as a key variable in the appreciation of climate change issue.