Título
Não queirais ser Castelhana: Fronteira e contrabando na raia do concelho de Idanha-a-Nova
Autor
Rovisco, Maria Eduarda Soares
Resumo
pt
Nesta dissertação são examinados os vínculos e a interacção produzida entre as
populações raianas dos dois flancos da fronteira luso-espanhola entre 1940 e o presente,
com base num trabalho de campo efectuado em Salvaterra do Extremo, Penha Garcia
(duas freguesias fronteiriças do concelho de Idanha-a-Nova) e Zarza la Mayor
(Cáceres). Com este propósito, e ainda com o objectivo de avaliar a eficácia material e
simbólica desta fronteira e as modalidades locais de experienciar Estado e nação, foi
atribuída primazia à análise de práticas de contrabando por terem constituído, no
passado, o grande motor das deslocações ao país vizinho e por constituírem, no
presente, o tema central dos discursos sobre fronteira e alteridade especialmente no
flanco português. Deste modo, procede-se ao recenseamento das modalidades de
contrabando praticadas neste troço da raia, à análise das suas continuidades e mudanças
a um nível sincrónico e diacrónico, bem como ao exame das rotinas e relações entre
contrabandistas e autoridades portuguesas e espanholas. Este exame dos vínculos
estabelecidos entre as populações raianas de dois países comporta ainda uma avaliação
dos impactos dos processos de mudança em áreas rurais, abertura da fronteira, políticas
de cooperação transfronteiriça e de turistificação, bem como uma análise dos discursos
sobre alteridade, em particular dos processos de estereotipia e teorias folk sobre
identidade nacional que incorporam a interacção produzida no contexto do contrabando
e no presente.
en
This dissertation examines the ties and the interaction brought about between the border
populations of the two sides of the Luso-Spanish frontier between 1940 and the present.
This study is based on field work performed in Salvaterra do Extremo, Penha Garcia
(two borderland parishes of the municipality of Idanha-a-Nova) and Zarza la Mayor
(Cáceres). With this purpose in mind, besides the aim of evaluating the material and
symbolic effectiveness of this frontier and the local ways and means of experiencing
State and nation, primary concern was given to the analysis of smuggling practices,
bearing in mind that in the past they were the driving force behind the crossings into the neighbouring country and today constitute the central theme of discourses on the
frontier and alterity, particularly on the Portuguese side. In this way a census is
undertaken of the forms of smuggling practised in this stretch of the border, an analysis
is carried out of their modes of continuity and changes, both synchronically and
diachronically, besides an examination of the routines and relationships between
smugglers and the Portuguese and Spanish authorities. This examination of the ties
established between the borderland populations of the two countries also involves an
assessment of the impact of the processes of change in rural areas, the opening of the
frontier, cross-border cooperation and tourist promoting policies, besides an analysis of
the discourses on alterity, in particular of the stereotyping processes and folk theories
regarding national identity which incorporate the interaction produced within the
context of smuggling and the present scenario.