Introdução: Portugal vive o paradigma da crise europeia devido à crise económica e demográfica. O objetivo do estudo foi determinar o impacto da crise económica em Portugal para o reembolso dos novos medicamentos oncológicos e identificar a importância de um modelo ético e interdisciplinar como medida estratégica para minimizar os problemas identificados. Metodologia: Foi utilizada uma abordagem qualitativa, apoiada por 27 entrevistas semiestruturadas e gravadas, aos representantes dos diferentes stakeholders do Sistema de Saúde português. A análise de conteúdo referente às entrevistas foi efetuada com o apoio do software Tropes®. Resultados: Os resultados da análise de conteúdo mostraram que as restrições económicas estão a originar uma política de controlo de custos; um atraso na aprovação de novos medicamentos, falta de transparência, bem como sérias limitações e desigualdades entre os hospitais. Estão a ser implementadas alterações no processo de reembolso com um aumento de mecanismos de partilha de risco e implementação de um novo sistema de avaliação tecnológica em saúde (SINATS). Os protocolos de tratamento estão também a ser revistos e os hospitais públicos estão a tentar aumentar o número de ensaios clínicos embora a burocracia excessiva seja uma limitação. Nesta abordagem qualitativa, foram identificados os seguintes fatores com impacto na sobrevivência: inovação e desenvolvimento tecnológico, o financiamento, o preço dos medicamentos e o tipo de doenças oncológicas. Conclusões: Considerando que o paciente é a principal preocupação, o processo de aprovação de reembolso de novos medicamentos deve ser mais rápido e mais transparente. Um modelo interdisciplinar para decisões de aprovação de reembolso, parece ser uma medida estratégica viável e urgente de forma a manter a sustentabilidade do SNS.

Introduction: Portugal is the paradigm of the European crisis since has both an economic and demographic crisis. We aimed to establish the impact of the economic restrains in Portugal for the reimbursement of new oncological drugs, accordingly with the different stakeholders and to establish the importance of an ethical and interdisciplinary framework as a strategic measure to minimize the problems detected. Methodology: A qualitative approach was used, supported by 27, tape recorded, semi-structured interviews to representatives of the different healthcare stakeholders. The interviews content analysis were done with the support of Tropes® software. Results: The content analysis results showed that economic restrains are leading to a policy of cost control, a delay in reimbursement of new drugs, lack of transparency, serious limitations and inequities between hospitals. Changes in the reimbursement process are being made with an increase of risk sharing mechanisms and implementation of a new system of health technological evaluation (SINATS). Treatment protocols are also being revised and public hospitals are trying to increase the number of clinical trials but there is still much bureaucracy. In this qualitative approach, the factors with impact on survival are: innovation and technological development, government funding, the price of drugs and the type of cancer. Conclusions: In order to consider the strategic vision in which the patient is the center of all efforts, the process of innovation reimbursement should be faster and more transparent. An interdisciplinary framework for reimbursement decisions, seems to be a strategic measure to allow NHS sustainability.