Esta dissertação faz uma análise empírica à relação entre o processo de financeirização e o consumo privado em Portugal entre 1996 e 2016. Foi estimada uma equação para o consumo total que inclui quatro variáveis de controlo (taxa de desemprego, taxa de inflação, taxa de juro real de curto prazo e taxa de juro real de longo prazo) e três variáveis usadas para medir o efeito da financeirização sobre o consumo privado (rendimento, riqueza habitacional e riqueza financeira). A financeirização apresenta dois efeitos contraditórios sobre o consumo privado. O primeiro está relacionado com o decréscimo do rendimento das famílias que provoca um efeito negativo sobre o seu consumo e o segundo está relacionado com o aumento da riqueza das famílias que provoca um efeito positivo sobre o seu consumo. Os resultados demonstram que a financeirização contribuiu de forma positiva para o aumento do consumo privado em Portugal, especialmente no período até à crise.

This paper makes an empirical analysis of the relationship between the financialisation process and private consumption in Portugal from 1996 and 2016. We estimated an equation for total consumption that includes four control variables (unemployment rate, inflation rate, real short-term interest rate and real long-term interest rate) and three variables linked with labour income, housing wealth and financial wealth. According with the financialisation concept, private consumption may be affected in two contradictory ways. The first is related with the fall of households’ income and exerts a negative effect on private consumption and the second is related with the growth of households’ wealth and exerts a positive effect on it. Our results show that financialisation exerted a positive effect on private consumption in Portugal, especially until the recent crisis.