Título
Obsolescência e abstração: os edifícios industriais no Baixo Tejo
Autor
Mateus, Teresa Maria Carrilho
Resumo
pt
A obsolescência é uma condição adquirida por inúmeros edifícios devido à caducidade dos seus usos. Esta característica é refém da inevitável transitoriedade do tempo e dos contínuos processos evolutivos da sociedade. A obsolescência congrega assim inúmeras temáticas reveladoras do fascínio pela
precariedade de um tempo em decadência, como o elogio à ruína, a projeção sentimental e a memória e
melancolia dos lugares.
Os fragmentos industriais são um campo distinto para a exploração empírica das potencialidades espaciais e alegóricas desta condição obsoleta. Ao arquiteto interessa encontrar ferramentas capazes
de descortinar a sua beleza implícita e estabelecer uma metodologia que lhe permita dialogar com estes espaços oferecidos ao abandono.
Este trabalho propõe um olhar sobre o território ribeirinho da margem norte do rio Tejo, compreendido entre o rio Trancão e a Vala do Carregado, repleto de resquícios de edifícios que, outrora parte integrante de grandes polos industriais, traduzem hoje a condição descontínua e fragmentária de uma periferia urbana atingida pelo tempo da pós-industrialização.
A Real Fábrica de Atanados de Vila de Povos (1729), a Fábrica dos Moinhos de Santa Iria (1890) e os Armazéns da Fábrica de Cerâmica da Lusitânia na Vala do Carregado (1940) são casos de estudo inseridos na área de investigação que refletem esta realidade. O último corresponde ao local de desenvolvimento da proposta projetual da vertente prática.
Usando a abstração espacial como principal recurso para a sua exploração, traçou-se um percurso metodológico que culminou na criação de maquetes conceptuais capazes de isolar as características singulares destes locais.
en
Obsolescence is a condition acquired by many buildings, due to the lapse of their uses. This feature is hostage of the transience of time and society’s continuous evolutionary processes. Obsolescence gathers many thematics related with the precariousness of a time in decadence, such as praise to ruin, sentimental projection and the memory and melancholy of places.
Industrial fragments are a distinct field to an empirical exploration of both spatial and allegorical potentialities of this obsolete condition. To the architect, it is of interest to find tools capable of revealing their implicit beauty and establish a methodology that allows him to dialogue with these spaces offered to abandonment.
This work proposes a look over the riparian Tagus’s north bank territory, between Trancão River and Carregado Ditch, full of these building remnants, which have already been an integral part of big productive poles, but today contribute to the discontinuous and fragmentary condition of
an urban periphery caught by postindustrial times.
Povos Village Royal Tanneries’ Factory (1729) Santa Iria Mills’ Factory (1890) and Lusitânia Ceramics Factory
warehouses’ in Carregado’s Ditch Village (1940) are study-cases within the research
area which reflect this reality. The last one corresponds to the place where the project
proposal for the practical section was developed.
Using spatial abstraction as the main resource to their exploration, a methodological route was traced, which
culminated in the creation of conceptual models capable of isolating the singular features of these places.