Título
Perceções e estratégias de regulação do consumo de açúcar nas crianças: Um estudo qualitativo com pais
Autor
Pinto, Bárbara Pereira Gonçalves Tourais
Resumo
pt
Os hábitos alimentares inadequados e o elevado consumo de açúcar dos portugueses, particularmente das crianças, associam-se a maior risco para desenvolver problemas de saúde, nomeadamente excesso de peso, obesidade e doenças crónicas não transmissíveis (DCNTs). O presente estudo teve por objetivos perceber os hábitos alimentares de crianças do 1º ciclo e quais as estratégias de regulação alimentar utilizadas pelos seus pais, bem como compreender as suas perceções acerca do açúcar e das diferentes formas de controlar o seu consumo nas crianças. Foram realizadas 42 entrevistas a pais de crianças entre os 6 e 10 anos, as quais foram analisadas através de análise temática. Verificou-se que os alimentos mais incentivados são os vegetais e as estratégias utilizadas para este efeito baseiam-se na comunicação e relação entre pais e filhos. Pelo contrário, os alimentos mais controlados são os que têm açúcar na sua composição e as estratégias de regulação, neste caso, são mais unidirecionais, não incluindo tanto a criança. As barreiras a esta regulação focam-se em fatores exteriores ao ambiente doméstico (e.g., festas), enquanto os facilitadores se concentram em fatores controláveis neste ambiente (e.g., hábito). As perceções dos pais acerca do açúcar foram negativas, tais como as crenças sobre as consequências do seu consumo. A maioria destas crenças é suportada pela literatura exceto as consequências comportamentais (e.g., consumo de açúcar associado à hiperatividade). Concluiu-se que os participantes consideram o consumo de açúcar prejudicial para a saúde e que são necessárias estratégias individuais e populacionais (envolvendo escolas, governo e famílias) para o regular.
en
The inadequate eating habits and the high levels of sugar intake among the Portuguese population is alarming, especially as far as children are concerned, with higher risk for the development of health conditions such as overweight, obesity and noncommunicable diseases (NCDs). The present study aimed at characterizing the feeding practices of parents of elementary school students and understand their perceptions about sugar and the different ways of controlling its intake on children. For this purpose, 42 parents of children between 6 and 10 years old were interviewed. It was found that vegetables were the most encouraged food and the strategies used were mostly based on parent-child relationship and communication. Sugary products were the most controlled by parents and their strategies, in this case, were much more unidirectional, as children were less involved. The identified barriers to controlling sugar intake focused on issues outside of home context (e.g., parties), while the facilitators focused on controllable factors within this environment (e.g., habit). Parents’ perceptions about sugar were negative, so were the beliefs about the consequences of its intake. Beliefs on the consequences of sugar intake were generally supported by the literature, except the ones related to behavior (e.g. association between sugar intake and hyperactivity). In conclusion, participants consider sugar intake harmful and that both individual and population-level strategies involving schools, the government and families are necessary in order to regulate it.