Título
A descolonização do conhecimento: lógicas comunitárias de inclusão social e construção do conhecimento: a comunidade Bijagó e Huaorani
Autor
Djaló, Amadu
Resumo
pt
Enquanto período histórico, desenvolvimento marcou profundamente a nossa memória coletiva, aliás, desenvolvimento serviu não só como mecanismo de avaliação de nível de prosperidade das sociedades, bem como instrumento de mobilização de vontades para a transformação das mesmas. O conceito de desenvolvimento inspirou-se, tanto na sua conceção, assim como na sua formulação, na experiência histórica dos países industrializados europeus. Assim, tal como o colonialismo, ele fundamenta-se na convicção (ardente) da inferioridade de certas formas de ser e estar, desta maneira, é indispensável que os incivilizados de ontem/subdesenvolvidos de hoje, sejam arrancados do seu estado de atraso, rumo à civilização superior dos desenvolvidos (desenvolvimento). Na verdade, existem diversas conceções do que significa “boa vida” tanto quanto as próprias sociedades, assim sendo, no sentido de contribuir para a visualização desta diversidade epistemológica e ontológica, analisamos, segundo as teorias das epistemologias do Sul, dois contextos específicos, comunidade Bijagó e Huaorani. Isto porque, a justiça social global está intimamente ligada à justiça cognitiva global.
Concluímos que nestas comunidades exercem se estilos de vida não inspirados no conceito de
desenvolvimento, aliás, a racionalidade económica destes povos estão em desarmonia com a
promovida pelo desenvolvimento, resultado da sua conceção holística do mundo.
No plano ambiental, para criação de uma ciência de conservação, as nossas pesquisas apontam
para a necessidade de diálogo entre o conhecimento tradicional e científico, o que pressupõe, antes de tudo, o reconhecimento da existência de outras formas (igualmente legítimas) de entender
a vida, em geral, e biodiversidade, em particular.
en
Development concept has tremendously marked our recent collective memory. In fact, development was not only used as mechanism of evaluation of prosperity level of societies, it also served as mobilization force for transformation of the societies. From the outset, development concept was inspired (both in its conception as well as in its formulation) from historical experience of the industrialized nations. We claimed that development is like colonialism in that they are both based in the belief that certain ways of being are inferior (the western one being superior). Consequently, the uncivilized of yesterday/undeveloped of today, needs to be pulled out of their state of backwardness (through development). The fact of the matter is that there are as many conceptions of “good life” as they are societies, as such, with the aim of contributing to make visible this epistemological and ontological diversity, we analyzed, according to the Epistemologies of the South, two different communities: Bijagós and Huaorani, because the global social justice is intimately related to global cognitive justice.
As a conclusion, we found out that in both communities, the subjects´ lifestyles are not inspired
in development model, in fact, the dominant economic rationality in these communities is in
disharmony with the one promoted by development.
From an environmental perspective, we conclude that, for the construction of conservation
science, there is a need for a dialogue between traditional and scientific knowledge, which
requires, before everything, the acknowledgement that: there are other forms of knowing apart
from the one accepted by science.