Título
Hegemonic regulations of kinship: gender and sexualities norms in Italy
Autor
Lasio, Diego
Resumo
pt
Após muitos anos de debates intensos, em 2016 o parlamento italiano aprovou uma lei para
regular as uniões civis de casais do mesmo sexo. Apesar da lei permitir a casais do mesmo
sexo a maioria dos direitos dos casais heterossexuais casados, a lei preserva diferenças legais
entre casais heterossexuais e uniões civis entre casais do mesmo sexo; a possibilidade de um
parceiro do mesmo sexo adotar um filho biológico do outro parceiro foi tão controversa que
teve de ser eliminada para a lei passar. O projeto de investigação que apresentamos nesta tese
pretende entender que discursos e práticas sociais são usados na Itália pela
heteronormatividade para resistir às mudanças no modelo hegemónico de parentesco. Três
estudos foram realizados para este propósito, respetivamente focados em: 1) o debate público
ocorrido na Itália, enquanto a lei esteve sob discussão no parlamento; 2) os discursos de
deputados/as que se opuseram á parte da lei sobre parentalidade gay e lésbica; 3) os discursos
de ativistas LGBT italianos sobre parentalidade gay e lésbica. As análises mostram como a
oposição ao reconhecimento de casais gays e lésbicos e seus/suas filhos/as contribuem para
manter a ordem hegemónica de género e reiterar padrões restritivos de maternidade.
Encontram-se traços de heteronormatividade também no discurso de ativistas LGBT,
sobretudo em termos do acesso à reprodução, ao lugar da parentalidade no regime de género e
aos padrões apropriados de educação dos/as filhos/as. Discutem-se também as implicações
teóricas e práticas destes discursos.
en
After many years of heated debate, in 2016 the Italian parliament passed a law to regulate
same-sex civil unions. Although the law extends to same-sex couples most of the rights of
married heterosexual couples, the law preserves legal differences between heterosexual
marriage and same-sex civil unions; moreover, the possibility of a partner in a same-sex
couple adopting the biological children of the other partner was so controversial that it had to
be deleted in order for the law to pass. The research project presented in the present thesis
aimed at understanding which discourses and social practices are currently used in Italy by
heteronormativity to resist challenges to the hegemonic model of kinship. Three studies have
been carried out for this purpose, respectively focused on: 1) the public debate that occurred
in Italy while the law proposal was under discussion in parliament; 2) the speeches of the
Members of Parliament (MP) who opposed the section of the bill concerning lesbian and gay
parenthood; 3) the discourses of Italian LGBT activists about lesbian and gay parenting. The
analyses highlight that the opposition to the recognition of gay and lesbian couples and their
children contributes to maintain the hegemonic gender order and to reiterate restrictive
standards of motherhood. Traces of heteronormativity are also present in the discourses of
LGBT activists, namely in terms of access to reproduction, the parents’ place within the
regime of gender and the right standards for childrearing. Theoretical and practical
implications of these discourses are discussed.