Esta tese investigou a introdução de uma nova lógica “qualidade burocrática” (associada aos programas de acreditação hospitalar) no sector da saúde, que apresentava já duas lógicas dominantes: a lógica profissional e a lógica empresarial. Esta nova lógica foi introduzida no sector da saúde por via dos processos de acreditação hospitalar, como resultado de um movimento societal que afectou a administração pública – New Public Management. Foi escolhida uma abordagem qualitativa realizada através de um estudo de caso, uma vez que as questões de investigação se adequavam a esse método. Foi utilizada uma perspetiva interpretativa com o intuito de analisar as dinâmicas entre os diversos níveis societal, sectorial, organizacional e individual. Ao longo do estudo foram identificados e estudados dois actores tendo por base o trabalho institucional que intentaram neste processo. Esta investigação demonstrou que a introdução da nova lógica no hospital gerou conflito mínimo ou inexistente. Isso deveu-se ao facto de (1) esta nova lógica apresentar objectivos que eram compatíveis, ou mesmo intrínsecos, às duas lógicas existentes, (2) o hospital apresentar características únicas que aumentaram a compatibilidade entre essas lógicas e (3) esta nova lógica preservar a identidade dos médicos uma vez que os programas de acreditação não interferem com actos clínicos. Não obstante, a investigadora salienta que mesmo no caso de lógicas compatíveis, se a identidade dos médicos não tivesse sido preservada teria existido resistência à introdução da nova lógica. Ao escolher estudar este processo de introdução de uma nova lógica através de uma análise transversal, a investigadora responde às inúmeras solicitações de investigação de análises transversais na teoria institucional.

This thesis investigated the introduction of the new “bureaucratic-quality” logic in the health sector, where already two dominant logics existed: professional logic and business-like logic (since 2002). This new logic was introduced in the health field, in the beginning of 21st century, through hospital accreditation programs, as a result of a major societal movement that affected public administration – New Public Management. A qualitative approach based on a case study was chosen, as the research questions were according to this method. An interpretative perspective based on institutional theory was used to analyse the dynamics between the various levels: societal, field, organizational and individual. Throughout the study two actors were identified and studied regarding the institutional work they attempted in this process. This investigation demonstrated that the introduction of this new logic at the hospital generated minimal or no conflict. This is explained by the fact that (1) this new logic presented compatible, even intrinsic, goals with the two existing logics, (2) the hospital had unique characteristics that increased the compatibility between these logics, and (3) this new logic preserved the identity of physicians as accreditation programs do not interfere with clinical acts. Notwithstanding, the researcher points out that even with compatible logics, if physicians’ identity had not been preserved, there would have been resistance to the introduction of the new logic. By choosing a cross-sectional analysis to study the process of introducing a new logic, the researcher responds to the numerous calls for investigation of cross-sectional analysis in institutional theory.