Título
Crianças em situação de desproteção: da intervenção à inovação das práticas do serviço social
Autor
Fernandes, António Manuel da Costa
Resumo
pt
O estudo reflete sobre as práticas do assistente social (AS) no âmbito da criança em
desproteção e as alterações que têm vindo a ocorrer no seu contexto profissional. Procurou-se
analisar os impactos e as inquietações resultantes das práticas profissionais dos AS, bem
como perceber como os AS avaliam as suas práticas diferenciadas e qual o seu contributo na
requalificação/inovação das metodologias de intervenção do AS. Esta investigação teve como
universo de trabalho as entidades públicas e privadas com atribuições em matéria de infância
e juventude e nas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), com incidência na
área territorial do distrito de Viseu, tendo sido aplicado um inquérito por questionário a 128
assistentes sociais.
Os principais resultados do estudo revelam uma acentuada pretensão de uniformizar,
protocolar e instrumentalizar as práticas do AS na criança em desproteção social. Existe
também concordância no sentido de que as mesmas levam a uma diminuição das
competências do profissional em detrimento dos instrumentos/protocolos, assim como a uma
menor intervenção com base em procedimentos metodológicos. Os resultados permitem ainda
identificar a presença de quatro perfis na intervenção social com crianças em situação de
desproteção social: um perfil associado a dinâmicas de parentalidade; um perfil caraterizado
por relações na intervenção; um perfil relacionado com o potencial do técnico, e um perfil
identificado com o trabalho em rede.
A reflexão sobre os resultados leva a considerar a importância de dinamizar a
requalificação e a inovação das metodologias de intervenção do AS nesta área por forma a
mediar as vantagens desta pretensão e a vertente mais humana (ex. inclusão social,
empowerment, promoção da pessoa), que não prescinde de uma abordagem mais direta,
próxima e direcionada à unidade, àquela criança ou família.
en
This study reflects on social workers' practices within the framework of unprotected children
and the changes that have been occurring in their professional context. We tried to analyse the
impacts and concerns that resulted from social workers' professional practices as well as
understand how they evaluate their differentiated practices and their contribution to the
requalification/ innovation of social work intervention methods. This investigation looked
into both public and private identities which work closely with children, youth and also Child
Protective Services in the district of Viseu. Furthermore, a questionnaire was carried out to
128 social workers.
The main results from this study reveal an enormous claim to uniformize, protocol and
instrumentalize social workers’ practices in regard to unprotected children. It is agreed that
these lead to a decrease in professional skills due to instruments/protocols, as well as minimal
intervention because of methodological procedures. We were also able to identify the
presence of four profiles in social intervention with unprotected children: one associated to
parenthood dynamics, one characterized by the relationships in the intervention, one related to
the potential of the technician and another identified within the network.
The results lead us to consider the importance of requalifying and innovating social
workers’ intervention methods in this area in order to mediate its advantages and a more
human contact (for example: social inclusion, empowerment and personal promotion), which
need a closer and more direct approach to the unit, child or family.