Título
Género e ensino secundário: dinâmicas entre professores e professoras
Autor
Delgado, Maria Catarina Pequito
Resumo
pt
A presente dissertação pretendeu analisar as dinâmicas de género que ocorrem no ensino
secundário, contexto marcadamente feminino onde os homens representam uma minoria. Para
tal, integrou um estudo qualitativo que teve como objetivos analisar as experiências vivenciadas
pelos professores neste contexto profissional, enquanto homens e enquanto minoria; as
estratégias adotadas por estes para gerirem a situação de desequilíbrio de género existente; e as
perspetivas das suas pares (professoras), enquanto grupo dominante. Pretendeu,
especificamente, verificar se os homens experienciam as consequências negativas identificadas
por Kanter (1977, 1993), num estudo com mulheres em condição de extrema minoria (i.e.,
tokens), associadas à elevada visibilidade, polarização e assimilação.
Empiricamente, este estudo contou com a realização de 16 entrevistas individuais
semiestruturadas a oito professores e oito professoras, com idades compreendidas entre os 36 e
os 59 anos. Os resultados foram analisados através da análise temática de Braun e Clarke
(2006), metodologia que permitiu identificar seis grandes temas relativos: aos juízos
assimétricos sobre a escolha da profissão, aos desequilíbrios de género existentes na profissão;
à valorização da entrada dos homens no ensino secundário; à in/visibilidade dos professores;
da não polarização à polarização benéfica das diferenças; e à assimilação aos papéis
estereotípicos masculinos. Concluímos que estes professores não experienciam as dinâmicas
negativas do tokenism (Kanter, 1977, 1993) no seu contexto profissional, pelo contrário,
acabam por ter diversos privilégios. Parece existir um ambiente dominado pela igualdade, em
termos das relações de género, sentindo-se integrados e valorizados profissionalmente.
en
This dissertation aimed to analyze the gender dynamics that occur in high school education,
a markedly female context where men represent a minority. To this end, it was part of a
qualitative study that aimed to analyze the experiences of secondary school teachers in the
professional context, as men and as a minority; the strategies adopted by them to manage the
inequality situation; and the perspectives of their peers (female teachers), as a dominant group.
It specifically intended to verify whether men experience the negative consequences identified
by Kanter (1977, 1993) with women in an extreme minority condition (i.e., tokens) associated
with high visibility, polarization and assimilation.
Empirically, this study included 16 individual semi-structured interviews with eight male
teachers and eight female teachers, aged between 36 and 59 years. The results were analyzed
using the thematic analysis of Braun and Clarke (2006), a methodology that identified six major
themes related to: asymmetric judgments about the choice of profession, gender imbalances in
the profession, valuing the entry of men into teaching high school, to the in/visibility of
teachers, from non-polarization to beneficial polarization of differences and assimilation to
stereotypical male roles. We conclude that these teachers do not experience the negative
dynamics of tokenism (Kanter, 1977, 1993) in their professional context, on the contrary, they
end up having several privileges. There is an environment dominated by equality, in terms of
gender relations, feeling integrated and professionally valued.