A presente dissertação pretendeu analisar as dinâmicas de género que ocorrem na Força Aérea Portuguesa (FAP), um contexto profissional marcadamente masculino. Para tal, integrou um estudo empírico com os objetivos específicos de analisar as experiências das mulheres a exercer a sua atividade no mesmo, em condição de minoria, bem como as perspetivas dos seus pares homens e, também, analisar as estratégias adotadas pelas mesmas para gerirem a situação. Foram pesquisados dados estatísticos a respeito do contexto e, através de uma abordagem que considerou a intersecção entre tokenism e hierarquia de género, incluindo as perspetivas de Acker (1990), Connell (2006) e Amâncio (1992), realizada uma revisão de literatura. A investigação empírica contou com a realização de 16 entrevistas individuais semiestruturadas a militares da FAP, equilibradamente divididas, em termos de sexo, e com idades compreendidas entre os 19 e os 54 anos. Os resultados, analisados com recurso à metodologia da análise temática, de Braun e Clarke (2006), revelaram quatro grandes temas que mostram a existência de uma consciência da FAP como um mundo masculino, da igualdade de género no contexto, de barreiras à igualdade de género e de algumas estratégias de gestão da situação por parte das mulheres. Concluímos que, embora formalmente exista igualdade na FAP, na prática, as mulheres, enquanto tokens, vão sendo alvo de alguns obstáculos que lhes dificultam o caminho e tornam o seu percurso profissional diferente do dos seus pares, pertencentes ao grupo dominante (i.e., os homens), em diversos aspetos.

The present dissertation aimed to analyse the gender dynamics that occur in the Portuguese Air Force (PAF), a markedly masculine professional context. For that purpose, it integrated an empirical study with the specific objectives of analysing the experiences of women working in the same context, as a minority, as well as their male peers’ perspectives, and also analysing the strategies adopted by them to deal with the situation. Statistical data on the context were researched and, through an approach that considered the intersection between tokenism and gender hierarchy, including the perspectives of Acker (1990), Connell (2006) and Amâncio (1992), a literature review was conducted. The empirical research included 16 individual semi-structured interviews with PAF military members, which were evenly divided in terms of sex and ranged from 19 to 54 years old. The results, analysed using the thematic analysis methodology, by Braun and Clarke (2006), revealed four major themes that showed the existence of an awareness of the FAP as a masculine world, of gender equalities in the context, of barriers to gender equalities and of some women’s strategies to handle the situation. We conclude that although formally there is gender equality in PAF, in practice, women, as tokens, are still facing some barriers that hinder their path and make their professional path different from that of their peers, belonging to the dominant group (i.e., men), in several aspects.