Esta tese de doutoramento centra-se na análise das trajetórias musicais de jovens músicos em transição para a vida adulta que iniciaram a sua aprendizagem na Orquestra Geração (OG). A pesquisa acompanha as múltiplas pertenças sociais destes jovens, quer nas diversas estruturas internas da OG, quer na pluralidade de experiências musicais que surgem do seu desejo de liberdade criativa e autonomia social. Com diferentes origens de classe, géneros e culturas estes jovens músicos que iniciaram as suas aprendizagens em contexto orquestral, abrem-se para as ruas de uma cidade através de performances de vários tipos. Analiso tais performances que, além de contribuírem para a construção das suas trajetórias musicais múltiplas e heterogéneas, vão consolidando os territórios urbanos e periurbanos por onde vão passando e atuando. Um dos principais eixos de questionamento da presente pesquisa é a relação entre a dinâmica das "carreiras musicais", as culturas juvenis e os territórios por onde circulam, alimentando os diversos circuitos musicais que fazem esses espaços. Metodologicamente, é através da visão interdisciplinar dos estudos urbanos e da abordagem etnográfica que ajusto o foco da construção narrativa das biografias musicais destes jovens que se encontram numa importante fase de transição dos seus ciclos de vida. Um dos pontos inovadores avançados nesta abordagem prende-se com uma análise micro das trajetórias musicais de grupos e indivíduos. Assim, descrevo como se delineiam os caminhos para contextos urbanos menos formalizados, nos quais a supervisão de uma "cultura oficial", os mapas hierárquicos institucionais se ausentam das práticas e da sociabilidade.

This doctoral thesis focuses on the musical trajectories of young musicians in transition to adult life, who began their apprenticeship in the Orchestra Geração (OG). The research follows the multiple social belongings of these young people, either in the different internal structures of the OG, or in the plurality of musical experiences that arise from their desire for creative freedom and social autonomy. With different origins of class, genres and cultures, these young musicians, who started their learning in an orchestral context, open themselves to the streets of a city through performances of various types. I analyse such performances that, in addition to contributing to the construction of their multiple and heterogeneous musical trajectories, consolidate the urban and peri-urban territories through which they pass and act. One of the main axes of questioning in this research is the relationship between the dynamics of "musical careers", youth cultures and the territories where they circulate, feeding the various musical circuits that make up these spaces. Methodologically, it is through the interdisciplinary vision of urban studies and the ethnographic approach that I adjust the focus of the narrative construction concerning the musical biographies of these youngsters who are in an important transitional phase in their life cycles. One of the innovative points advanced in this approach concerns a micro analysis of the musical trajectories of groups and individuals. Thus, I describe how the paths to less formalized urban contexts are delineated, in which the supervision of an ‘official culture’, institutional hierarchical maps are absent from practices and sociability.