Desde o início da pandemia por COVID-19 que os hospitais portugueses sofreram enormes pressões para se adaptarem ao contexto de incerteza que se vivia, realocando os seus recursos físicos, materiais e humanos às necessidades do dia-a-dia. Neste sentido, o presente estudo procurou investigar o que mudou na gestão e organização do Hospital de Torres Vedras durante a pandemia por COVID-19 e, desta forma, contribuir para a facilitação dos processos de aprendizagem dos hospitais decorrentes desta crise pandémica. A recolha de dados para esta pesquisa foi feita com recurso a três fontes de informação: entrevistas (em dois espaços temporais diferentes), documentos do Hospital e fotografias. Para explicar o processo de transformação, compararam-se três perspetivas (Organizações Altamente Fiáveis, Coordenação Relacional e a Aprendizagem Organizacional) com os padrões empíricos encontrados nos dados. Os resultados evidenciam onze dimensões, sete inicialmente previstas na literatura e quatro novas. As sete dimensões inicialmente previstas demonstram que o Hospital de Torres Vedras foi uma organização que se comportou como um sistema fiável, onde os mecanismos de coordenação de trabalho foram suportados por uma comunicação informal e por relações fortes sustentadas na partilha, no respeito mútuo e na aprendizagem. Destacam-se ainda algumas dimensões novas, tais como os objetivos supraordenados, a prestação de cuidados de saúde mais diferenciados, a erosão das fronteiras profissionais e o processo de transformação digital.

Since the beginning of the COVID-19 pandemic, portuguese hospitals were under enormous pressure to adapt to the context of uncertainty, reallocating their physical, material and human resources to the daily needs. In this sense, this study aimed to investigate what changed in the management and organisation of the Torres Vedras Hospital during the COVID-19 pandemic and, in this way, to contribute to the facilitation of the learning processes of hospitals resulting from this pandemic crisis. Data collection for this research was carried out using three sources of information: interviews (in two different periods of time), Hospital documents and photographs. To explain the transformation process, three perspectives (High Reliability Organizations, Relational Coordination and Organisational Learning) were compared with the empirical patterns found in the data. The results highlight eleven dimensions, seven initially predicted in the literature and four new ones. The seven dimensions initially predicted show that the Hospital de Torres Vedras was an organisation that behaved as a reliable system, where work coordination mechanisms were supported by informal communication and strong relationships based on sharing, mutual respect and learning. Some new dimensions also stand out, such as the superordinate goals, the provision of more differentiated healthcare, the erosion of professional boundaries and the digital transformation process.