Título
A guerra fria no Sul de África e respectivas consequências: Angola e África do Sul, 1975-1994
Autor
Rocha, Milton Alberto Sousa
Resumo
pt
A Guerra Fria distinguiu-se de outros embates bélicos por assumir um carácter global, pois
embora as duas potências em confronto -EUA e URSS- nunca tenham chegado a colidir
directamente, “espalharam” as suas redes sobre variadas regiões em conflito do mundo, de
modo a alargar as suas esferas de influência por meio de apoio a governos e movimentos
armados próximos à ideologia de cada um, tendo tal sido peremptório no sul do continente
africano, sobretudo a partir de 1975, onde uma África do Sul governada por um sectário
regime de segregação socioracial, envolvida numa luta pelos seus interesses em território
extra-fronteiriço, apoiada dissimuladamente pelo bloco ocidental, colidia com uma Angola
recém-independente do domínio colonial português e ela mesma mergulhada numa luta pelo
poder entre o políticamente legitimado MPLA, auxiliado pelo mundo comunista (União
Soviética, Cuba e outros) e a FNLA e a UNITA, suportadas por sul-africanos e referidos
aliados ocidentais, culminando estes embates em épicos confrontos tanto no plano bélico
como no diplomático, e tendo como desenlace, uma democratização efectiva no plano teórico,
contudo de progressão bastante lenta a nível prático em Angola, que só alcançaria a paz
efectiva no início do século XXI, e na África do Sul, esta última, sempre sacudida por
violentos tumultos internos que marcaram inclusive o passo do andamento do conflito na
esfera internacional, culminando na libertação do histórico líder Nelson Mandela em 1990 e
na vitória presidencial deste nas primeiras eleições livres do país quatro anos depois, fechando
uma intensa e conturbada etapa da notável história político-militar austral africana .
en
The Cold War distinguished itself from other warring clashes by taking a global character,
because although the two powers in confrontation -USA and USSR- have never gotten to
collide directly, they “spread” their nets over various regions in conflict of the world, in order
to extend their spheres of influence through support to governments and armed movements
near to each other´s ideology, having such been so adamant in southern Africa, especially
from 1975, where a South Africa ruled by a sectarian regime of social and racial segregation,
involved in a fight for its interests in extra-border territory, supported covertly by the western
bloc, collided with a newly independent from portuguese colonial rule Angola and herself
immersed in a power struggle between the politically legitimized MPLA, aided by the
communist world (Soviet Union , Cuba and others) and the FNLA and UNITA, supported by
south africans and so referred western allies, culminating these clashes in epic confrontations
at military and diplomatic levels, and having as outcome an effective democratization in
theory, however of slowly progression, at a practical level in Angola, that would only achieve
efective peace in the early 21st century, and South Africa, the latter, always shaken by violent
internal turmoils that marked the rhythm of the conflict in the international sphere,
culminating in the release of the historic leader Nelson Mandela in 1990 and on his
presidential victory on the country´s first free elections four years later, closing an intense and
troubled stage of the remarkable political and military history of Southern Africa.