Este estudo, consistente com o formato de compilação de artigos científicos (quatro artigos publicados em revistas científicas com revisão de pares), examina a participação de assistentes sociais na transição democrática que ocorreu em Portugal a seguir à Revolução de 25 de Abril de 1974. Transição essa pautada por mudanças políticas, sociais e económicos radicais, especialmente durante o período do PREC (Processo Revolucionário em Curso). Conhecer e compreender os impactos dessa Revolução no serviço social português e o contributo de assistentes sociais ao longo do PREC constituem os objetivos centrais desta pesquisa. Em particular, procura-se perceber como os/as assistentes sociais afirmaram abertamente práticas politicamente engajadas (interagindo com as oportunidades políticas abertas pela transição revolucionária) e de que modo tal engajamento correspondeu a formatos de serviço social radical. Para o quadro teórico e conceptual recorreu-se às teorias dos movimentos sociais, em particular à perspectiva das Estruturas de Oportunidade Política e às propostas do Serviço Social Radical dos anos 1960 e 1970 com origem no Reino Unido, Estados Unidos e América Latina, numa abordagem inscrita no paradigma construcionista. A pesquisa recorreu a métodos qualitativos para a recolha e tratamento da informação. A base empírica consistiu em 14 entrevistas biográficas com assistentes sociais, complementadas com documentação arquivística. O tratamento dos dados qualitativos fez-se através de análise de conteúdo categorial e análise narrativa, teórica e concetualmente suportadas por literatura historiográfica de serviço social português e publicações de serviço social radical internacional. Os resultados confirmam que o PREC não constituiu um momento de rotura com o serviço social tradicional, conservador e politicamente neutro, senão a confirmação de intenções de rotura que se vinham evidenciando antes da Revolução. Também se afirma que o engajamento radical e ativismo político de assistentes sociais não são impeditivos da identidade nem causadores de desfiliação profissional; que a participação em iniciativas revolucionárias contribuiu para politizar a prática profissional; que as experiências de assistentes sociais nas frentes revolucionárias corresponderam a formatos de serviço social radical, embora não tenham partido de nem originado movimentos orgânicos radicais na profissão.

This study, framed as an article dissertation consisting of four independent peer-reviewed scientific publications and a summary report, examines the participation of social workers in the transition to democracy in Portugal following the 25 April 1974 Revolution. That transition was marked by radical political, social, and economic changes, particularly during the 1974-75 PREC (Revolutionary Process Under Way) period. Knowing and understanding the impacts of the Revolution in Portuguese social work and the contribution social workers made to the PREC constitute the general subject and aim of this research. In particular, it implies responding to how social workers connected to the political opportunities opened by the revolutionary transition to affirm an overtly politically engaged practice and to what extent it corresponded to radical social work forms. The Political Opportunity Structures perspective taken from social movements theories and 1960s and 1970s radical social work proposals from the UK, the USA and Latin-America constituted the theoretical and conceptual framework of the study, underpinned by a constructionist approach. Qualitative methods were used to collect and analyse data. A set of 14 biographic interviews with social workers and archival documental information constituted the empirical basis of the research. Qualitative data analysis was done through categorial content and narrative analysis, supported by Portuguese social work historiographic literature and international radical social work publications. The results confirm previous claims that the PREC was not a definite moment of rupture regarding traditional, conservative and politically-neutral social work conceptions, but the confirmation of a series of intentions of rupture that started to take place prior to the Revolution. The results also state that: professional radical engagement and social workers’ political activism were not impediments to professional identity neither did they cause professional disaffiliation; participation in revolutionary initiatives contributed to politicise professional practice; social workers´ experiences alongside the revolutionary fronts did conform to radical social work, without originating from or leading to an organic radical professional movement, though.