Título
Correção da desinformação em contextos de saúde
Autor
Santos, Catarina Maria Monteiro Morais Troncão dos
Resumo
pt
A propagação de desinformação (com ou sem o objetivo deliberado de enganar) é cada vez
maior numa sociedade dependente das tecnologias de informação e comunicação. Se por um
lado estas tecnologias permitem um acesso sem precedentes ao conhecimento, por outro,
permitem a proliferação de desinformação, designadamente ligada à saúde, com graves
consequências individuais e sociais. Tratando-se de um problema que assenta, em parte, na
exploração de processos cognitivos, encontramos na psicologia um forte aliado para o combate
à desinformação. Em dois estudos experimentais, examinámos o potencial do paradigma da
desinformação na correção de informação falsa em contextos de saúde. Ambos os estudos
seguem o mesmo design: apresentação de afirmações ambíguas quanto à sua veracidade
(verdadeiras no Estudo 1, e falsas no Estudo 2), realização de uma tarefa de recordação,
apresentação de um questionário com repetições, contradições e frases novas, e uma tarefa de
recordação final. No primeiro estudo, procurou-se replicar o efeito da desinformação, ou seja,
verificar se os participantes erradamente atribuíam a informação falsa (introduzida no
questionário sob a forma de contradições) à lista inicial, integrando-a na memória. Este efeito
foi observado. No segundo estudo, capitalizando nos erros de atribuição da fonte, examinámos
o potencial deste paradigma na correção da informação falsa previamente codificada. Os
resultados mostraram que os participantes aceitaram alguma da informação verdadeira
introduzida no questionário, integrando-a na memória, corrigindo assim parte da informação
falsa inicialmente apresentada. Em conjunto, estes estudos reforçam o potencial desta estratégia
como ferramenta de correção da desinformação em contextos de saúde.
en
The spread of misinformation is increasing in a society dependent on information and
communication technologies. These technologies allow unprecedented access to knowledge,
but they also enable the proliferation of disinformation, namely related to health, with severe
individual and social consequences. Since this problem is partially based on cognitive
processes, psychology can become a strong ally in fighting misinformation. In two
experimental studies, using an adaptation of the misinformation paradigm, we attempted to
assess its potential for correcting misinformation in health contexts. Both studies followed the
same design: presentation of ambiguous statements regarding their veracity (true in Study 1 and
false in Study 2), a recall task, a questionnaire with repetitions, contradictions, and new
sentences, and a final recall task. In the first study, we expected to replicate the misinformation
effect by verifying whether the participants mistakenly attributed the false information
(introduced in the questionnaire as contradictions) to the initially presented list, and integrated
it into memory. This effect was observed. In the second study, capitalizing on source monitoring
errors, we examined the potential of this paradigm in correcting previously encoded false
information. The results showed that participants accepted some of the true information
introduced in the questionnaire, which was integrated into their memory, thus correcting part
of the false information initially presented. Together, the two studies reinforce the potential of
this strategy as a tool for correcting misinformation in health contexts.